01 janeiro 2007

 

Começou o moralismo rasteiro


No dia um, a estrear o ano de 2007, o Papa filosofou sobre “as mortes silenciosas provocadas … pelo aborto, pelas pesquisas sobre os embriões e pela eutanásia" e equacionou-as com as vítimas das guerras genocidas. Temendo que a pedagogia papal fosse ignorada, o Cardeal de Lisboa apressou-se na repetição afirmando que as violências "contra as crianças, mesmo antes de nascerem" são origem de outras violências numa espiral de agressões. O santo argumentário é uma tentativa de associar um ataque de míssil israelita contra um bairro residencial de Gaza a um aborto na Maternidade Alfredo da Costa. Actos que são tão distantes em geografia como em agência, motivos ou consequência.

Os púlpitos dão início à sua campanha contra a despenalização do aborto. Ensaiam já à manipulação sem escrúpulos de emoções. E vão reforçá-las com mentiras, apelos aos paraísos que esperam os pios depois da morte, aos olhares desiludidos do Todo-Poderoso pesando sobre os aborcionistas, ou à Bíblica missão de fornicar somente em prol de abençoada procriação contra o desejo e o gozo pessoal. Esta é a nobre e esclarecida padralhada!

Já da campanha institucional do “Sim”, dá-se a vitória como quase certa. A estratégia é evitar confrontos morais e preservar o tom educado e desapaixonado. Parece-me que não querem combater. Está sem raiva esta esquerda que quer ganhar a pontos e passar ao lado dos corpos e das consciências.

Comments:
os movimentos pelo "não" não perdem a oportunidade. entretanto, lá vão dizendo que não querem que os nossos impostos paguem clínicas de aborto e que às 10 semanas já batem corações.
onde esteve esta gente quando se construíram estádios e estradas sem fim?! eu QUERO que os meus impostos paguem clínicas de aborto, que este seja suportado pelo Estado pois assim mais mulheres terão acesso a cuidados de saúde reprodutiva e o número de abortos diminuirá, pois haverá mais informação sobre contracepção a chegar a quem dela precisa.
o coração que bate às 10 semanas nem sequer devia ter esse nome: são apenas células cardíacas que se contraem espontaneamente. não há controlo nenhum por parte do sistema nervoso central, o que só acontecerá mais tarde.

se é ciência que eles querem, é ciência que nós damos!
 
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