07 dezembro 2006

 

Ciência de Marte a meter água


A NASA veio ontem afirmar que tinha mais uma prova da existência de água líquida em Marte, continuando assim a alimentar a hipótese de vida.
É algo intrigante o modo como os cientistas, vendo umas estruturas de escorrência, neste caso um leque de aluvião, concluem logo que foram criados por água líquida. Na verdade, aquelas estruturas erosivas podem ser criadas por qualquer liquído, como aliás já contestaram outros cientistas, ou até qualquer coisa que tenha um comportamento próximo do líquido, sem necessitar de o ser realmente. Olhando para a imagem, pode até ser uma simples derrocada a provocar aquela estrutura, sem a necessidade de qualquer líquido no processo.

Esta constante afirmação de água em Marte parece apenas mais uma tentativa para evitar os cortes orçamentais na NASA, mantendo o público interessado e a Administração Bush sob pressão. Infelizmente, à custa de falta de rigor científico (tal como foi o meteorito com alegados vestígios de vida marciana de há uns anos - um embuste). Quem diz que o conhecimento só se desenvolve em ambiente de competição, e que se não houver esse estímulo a sociedade não anda para a frente, vejam bem o que faz a competição por recursos. E não é um cientista de esquina a usar a falta de rigor científico para conseguir uma bolsazita de investigação, é a NASA, com todo a importância que tem neste meio.

Comments:
Isto faz lembrar o caso do Ivory-billed Woodpecker... dias difíceis levam a estes actos de desespero. Eu sou dos que concorda com estas pequenas farsas, mas às vezes pergunto-me se isto não são tiros nos pés, que serão habilmente manipulados futuramente para condicionar a ciência.

JGaivota
 
Será que a atribuição de interesses sociais desqualifica um argumento. Interesses sociais em ciência, não só não são novos, como são omnipresentes. Não há quem nao os tenha.
 
Que os interesses sociais interfiram na ciência não me incomoda. É suposto, é salutar porque controlam-se mutuamente. Mas a distorção do conhecimento científico com o simples objectivo de conseguir umas massas é um enviesamento do conhecimento que só o capitalismo consegue. E estimula, de certa maneira.
 
Será que os interesses corporativistas dos cientistas são produto directo e inevitável do capitalismo? Talvez a corporação da ciência tenha encontrado alimento nesse sistema social mas acho que tem tb a sua autonomia e regras próprias.

Já se o social e o científico controlam-se um ao outro? Duvido. O combate de ideias em ciência é um combate social: de recursos, de púlpitos, de personalidades, de retóricas. Não consigo distinguir um do outro.
 
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