26 novembro 2006

 

Indigesto


Na quarta quinta-feira de Novembro, os Estados Unidos da América celebram o feriado de “Thanksgiving.” Na sua fundação religiosa, trata-se de dar graças ao Senhor pelos bens do ano que está a findar. Na sua realização contemporânea, é uma grande jantarada coroada com um imponente peru assado, guarnecido com puré de batata-doce, vegetais assados, e regado a sumo de “cranberry” [fruto com tradução controversa]. É uma desculpa para convidar amigos para um serão. No dia seguinte, há quem acorde cedo para sitiar as lojas num feriado, “Black Friday”, de saldos generosos e histeria consumista, que faz sempre uns infelizes feridos.

Na mesa onde me sentei para dar graças, com gente que mal conhecia, um tema insinuou-se a conversa sem promotor: a guerra no Iraque. Prever que este foi tema visitado em todas as casas, testemunhado por todos os perus, não é grande aposta. Os Americanos exprimem a confusão das suas convicções. Incapazes de negar que o Iraque os arrasta para uma situação de derrota clara e inevitável. Incapazes de aceitar a responsabilidade do seu país, do seu exército, dos seus filhos armados, na desgraça iraquiana. Sobretudo incapazes de justificar-se, os americanos dão graças pela barriga cheia.

Comments:
ah, isto não há nada como empaturrarmo-nos em comida para ignorarmos os problemas...
 
De pança e depósitos cheios as consciências adormecem mas despertam quando os mortos, estropiados e que mais começam a chegar. Sendo incomparável com o miserável dia-a-dia iraquiano, começa a ser perceptível o atoleiro em que se meteram. Longe vai o tempo dos assomos patrióticos...
 
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