15 novembro 2006

 

America


So I looked at the scenery, she read her magazine
And the moon rose over an open field
Cathy I'm lost I said though I knew she was sleeping
I'm empty and aching and I don't know why
Counting the cars on the New Jersey Turnpike
They've all come to look for America
All come to look for America


A propósito de uma gentileza de um tasco vizinho, queria escrever sobre a minha aventura Americana.

Quero acertar num tom de semi-denúncia e semi-fascínio, Quero falar da burocracia que me separa do usufruto de gás e electricidade em casa, de receber o salário, de requisitar um livro na biblioteca, de ouvir as notícias e o boletim meteorológico. Quero falar talvez de “poder”?

É um choque de hábitos. Quando me dirijo a um ofício português preparo a exibição do Bilhete de Identidade, para celebrar a República e o Estado luso. Nos EUA pedem-me a carta de condução, e sinto-me convidado a celebrar a General Motors, a Ford Corporation, as auto-estradas do New Deal, e as petrolíferas do Texas. É o carro que segmenta a sociedade no Sul pouco cosmopolita que vou conhecendo. É com o carro que se certifica o acesso à “suburbia” e à classe média. Os autocarros públicos são para os indigentes, imigrantes e uns europeus de barba rija. Quem não tem viatura própria é sujeito suspeito.

Não é só a minha sociabilidade monetarisada pela posse (ou não) de um carro, aqui repetidamente me exigem a minha “credit history”. Queria-lhes dizer que tenho história, mas é a trama dos sítios onde vivi, as pessoas que conheci, as coisas que fiz, e sei também que o meu médico de família sem meu expresso consentimento, tem redigido a minha “medical history.” Não tendo “credit history”, sou sujeito sem história, ou com as histórias erradas. Em contrapartida, cobram-me depósitos para instalar as utilidades na casa, cobram-me taxas mais elevadas, recusam-me privilégios.

É uma tecnologia social para explorar e transformar o imigrante. O imigrante está em fase probatória, sob suspeita, com encargos de depósitos e taxas adicionais. E assinala-se ao imigrante que tudo aquilo que foi (e é) será ignorado, uma vida Americana só pode começar na América e o resto do mundo não existe.

Comments:
o carro, esse definidor da posição social. pode mudar tudo, desde o óbvio tempo de deslocação ao modo como te tratam numa loja.

o andar a pé. despem-te com os olhos, mas calam as buzinas. sentes-te raínha do passeio, mas estranhamente só. onde estão as ruas cheias de gente? não as há. agora habitam umas latas de conserva com rodas algures entre dois mall.
 
O credit check e' uma maneira de verem se tens 'outstanding debts'. Nao e' necessariamente mau se nao tiveres nenhum cartao de credito nos EUA - significa que a tua historia de credito nao existe e, logo, que nao tens dividas.

Se tiveres um cartao de Seguranca Social tudo fica mais simples. Podes mesmo tirar a carta de conducao numa manha, desde que tenhas um carro para conduzir e uma carta da morada onde vais ficar.

http://www.dmv.org/nc-north-carolina/department-motor-vehicles.php

E ha muita gente que sobrevive sem carro. Eu passei 2 anos sem nenhum e feliz por nao o ter. Bicicleta, transportes publicos, e' tudo mais saudavel e barato.

No que puder ajudar avisa.
Abracos,
f
 
O carro simboliza também essa característica desta malta que é uma independência/egoísmo atroz do tipo - "Vou aonde quero e a que horas quero". A ideia de partilha não está muito enraizada, não... é cada um por si.

Cumprimentos de um
Exilado nos States
 
Pois, pois. E no entanto para onde é que o menino foi, para onde? Para onde é que vão milhares e milhares de pessoas de todo o mundo, para onde? À pois é...
 
Temporário, lhe garanto.
 
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