16 setembro 2006

 

Simon says... creationism


Finalmente, já chegou... a direita portuguesa inicia o seu namoro ao criacionismo. Demorou um certo tempo mas é inevitável, os piores exemplos que a América dá tornam-se moda por estas bandas.

Comments:
Concordo com o texto do João Miranda quando defende que não devemos ter medo do diálogo. O meu único "finca pé" é com a posição do Estado que deve manter-se, sem reservas, laico e, por arrasto, a educação deve reger-se por esses critérios de laicidade. O resto, caro amigo, discuta-se...
 
Ha regras conhecidas para estes seguidismos intelectuais, do qual temos abundante material para analise (com Luis Delgado e amigos). Como os imigrantes que fazem casaroes a imitar chalets gauleses exagerando e caricaturando escadarias e outros sinais bizarros de opulencia. Tambem os intelectuais portugueses fazem argumentos que empolam os excessos do debate americano. Do canto creacionista serao ainda mais beatos e metafisicos que os originais. Do canto evolucionista serao cientifistas e objectivistas ao ponto do absurdo. Querem com isto esvaziar a ciencia do seu conteudo politico, mas o esforco por tao exagerado denuncia-se.
 
So tenho duas coisas a dizer:

a)- Creacionismo e teoria da evolução não se opõem: O primeiro é uma fábula sobre o surgimento da vida na terra. A segunda uma teoria com bases científicas sobre como a vida se desenvolve na terra.

b)- o blogue que citas não é de Direita. É apenas mais um blogue demagógico de merda.

Saudações
 
Concordo com ricardo sobre o discute-se. Contudo, é preciso não esquecer que, neste caso, discute-se em planos diferentes.

Como disse P. Lumumba, a Ciência rege-se por determinados pressupostos. Assim, o evolucionismo é uma teoria que procura explicar uma série de observações em biologia e está sujeita à verificação. Só nesta base é que se pode discutir qualquer teoria alternativa: se conseguir explicar os mesmos ou mais fenómenos que o evolucionismo e se for testável de acordo com o método científico (por mais idílico que seja).

Não se pode remeter esta discussão nem para o plano filosófico nem para o político. Mesmo que este tema esteja carregado de contornos políticos, deve ser sempre uma discussão científica. Uma vez que o criacionismo, muitas vezes (mas nem sempre) se abstém de argumentar com base na ciência (como é o caso do artigo citado), para mim, nem deve haver discussão. Porque corremos o risco de misturar alhos com bugalhos...
 
Estas divisoes entre ciencia e filosofia sao construcoes sociais, nao tem por si nenhuma sustencao universal (ou essencial). A filosofia como as ciencias sao disciplinas academicas (e/ou profissoes) que se consitutiram como especialistas de certos temas, multiplas vezes em controversia. Ao longo dos seculos as "ciencias" tem combatido para se assumirem como autoridade em questoes tao filosoficas como a origem da vida, a natureza do tempo, da personalidade, da felicidade...

O debate cientifico nao existe, no termos da ciencia actual. Esta questao e' indiscutivelmente politica, porque o que anima esta controversia nao e' um debate sobre contradicoes na teoria evolucionista.
 
A quais divisões? As do João Miranda ou as dos comentários daqui? É que posso concordar ou discordar ferozmente do que dizes...Mas uma coisa é certa, a origem da vida não é uma questão filosófica.
 
As do Joao Miranda e as dos comentarios daqui. A ciencia do tempo do galileu ou do newton nao se definia como a ciencia do tempo do maxwell ou do einstein, e a ciencia contemporanea em conteudo, argumentario e epistemologia e´ bem diferente. E tantas vezes e muitas coisas diferentes dependente do porta-voz.
 
Uma árvore cai no meio de uma floresta. Ela faz barulho ao cair, sabendo que não há um ser humano num raio de centenas de quilómetros para o ouvir?

Este pós-modernismo começa a ser agudo...
 
Se ninguem ouve o cair da arvore, ir alguem a floresta avaliar o dano? Correra alguem para retirar dali a arvore?

O problema do cientismo modernista e' ser autista. Recorrer a exemplos de um realismo de senso comum nao nos deve distrair de que a ciencia e' uma practica social. Os cientistas ouvem arvores cair em sociedade, os seus olhos e cerebros, ou as tecnologias que substituem olhos e cerebros so conhecem significado socialmente.

Nao nego que exista um mundo exterior, nego que o possamos estudar enquanto exterior. Nego que conhecer seja uma questao simples e trivial e monopolio dos "cientistas", sejam eles quem forem.
 
Em sociedade, independente das nossas privadas conviccoes, abundam definicoes varias sobre o que e' ciencia.

Historia natural (um braco tradicional da biologia) ou astronomia ou ciencias medicas nao sao experimentais no sentido classico. A teoria das cordas nao e'nem experimental, nem empirica. Contudo, ninguem negara que os profissionais que se dedicam a estas investigacoes sao cientistas, e que estas sao ciencias.

Se entrarmos com a dimensao temporal mais dificil fica esta historia, porque a astrologia ja foi indistinta da astronomia. A alquimia ja foi indistinta da quimica, e todas estas eram consideradas empiricas e a ultima ate experimental.

As incertezas sobre o que e' o que, carne ou peixe, ciencia ou nao ciencia, resolve-se socialmente. Em cada momento do tempo ha versoes dominantes do que e' ciencia. No momento presente, a versao dominante dita que as propostas creacionistas nao tem interesse para os profissionais da ciencia. E e' nesses termos que digo que sao nao cientificas.

Mas acho ingenuo achar que se pode invocar o "metodo cientifico" (seja ele qual for) para resolver esta disputa. Acho que presupoe a existencia de uma "objectividade" de facil acesso que resolve-se verdade da mentira. O pressuposto nao e' que haja um mundo exterior, mas que possamos concordar em qual o melhor meio para chegar a este, e que possamos concordar sobre o que ele nos diz. As controversias cientificas raramente se resolvem com essa pureza naturalista.

Porque todas estas incertezas so podem ser resolvidas socialmente e politicamente, acho perigoso empolar o prestigio e poderes da "ciencia."
 
Desculpem a intromissão, mas talvez a solução social para o debate resida no Laicismo
 
antes ainda passava pelo Blasfémias, pq d e facto embora discorde de muito do que por lá se escreve, escrevesse geralmente bem e de forma bem informada, mas cada vez estão mais radicais e este "debate" que agora querem introduzir... Sem palavras. Como se em Portugal não houvesse já boçalidade bastante sem introduzirmos ainda o Criacionismo...
 
Força Amilcar! Avança, estou contigo.
:)
 
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