27 setembro 2006

 

Robert Kramer


Kramer foi um revolucionário americano que dedicou parte da sua vida a Portugal. O seu “Cenas de Luta de Classes em Portugal” (em conjunto com outro autor) é um dos marcos na filmografia sobre o PREC em Portugal. Acompanhando a evolução política do PREC em Portugal, o documentário só peca por falar apenas na esquerda em geral, optando por não evocar as inúmeras divergências de então.

Abarcando algumas das mais importantes movimentações em Portugal no período, especialmente no espaço urbano. Regista a questão do direito à habitação ou a questão dos tribunais populares em que as pessoas não se subjugavam à justiça dos fortes. O especial destaque vai para uma mulher, envelhecida pela vida dura que sempre teve, que o maior desejo era que os seus filhos não passassem pelas mesmas agruras. Kramer acompanha-a ao longo do PREC. No início, a militância, o entusiasmo e a esperança leva-a a muitas actividades para lutar pelos seus direitos. À medida que a correlação de forças se vai invertendo e as pressões para a normalização se acentuam, a esperança vai desvanecendo e é forçada a preocupar-se com as questões “práticas” da vida.

Kramer ficou inevitavelmente ligado a Portugal. No documentário “Um outro país” de Serge Treffaut, presta algumas das declarações mais comprometidas com as aspirações do PREC. Refere que então Portugal aparece na sucessão de uma série de países onde as atenções mundiais estavam viradas: Vietname, Chile, Portugal. Justifica a sua vinda pela revolução em acção e pelo desejo de participar nessa mudança. Acrescenta ainda que o a sua participação tem (diria eu naturalmente) bastante de egoísta por não querer viver num mundo como este: ele queria mudar o mundo também por ele. Perante a acusação que no período 1974-75 o país desbaratou as “riquezas acumuladas”, Kramer considera que, para um pais que se reinventava tentando concretizar sonhos novos e antigos, terá sido uma boa forma de gastar o dinheiro. Reflecte também sobre o consumismo que apodreceu a sociedade norte-americana, sendo interessante também questionarmos o que também tem feito com Portugal.

Comments:
Samir onde e a que horas se podem ver estes documentários? Eu, que vivi a época, tenho imensa curiosidade em vê-los. Já vi uma parte de "Um outro país" no CCB há um ano, mas gostaria de o rever por inteiro.
Não tenho uma ideia muito romântica da época, mas há sempre gosto em rever e meditar sobre análises feitas por outros, principalmente estrangeiros.
 
na associação cultural bacalhoeiro (na rua dos bacalhoeiros) está a decorrer um ciclo de cinema entitulado "docs da revolução". mais informação em http://www.e-cultura.pt/AgendaCulturalDisplay.aspx?ID=10470
 
Oi! Acabou de passar o mês de Setembro e eu só HOJE (dia 30) é que vi que existia a Associação Bacalhoeiro!!! Chiça, ainda por cima teve todos estes documentários que eu queria ver.. Talvez devesse ter havido um pouco mais de divulgação... tenho mesmo pena de isto se ter passado e eu não ter estado presente.

De qualquer forma deixem-me informado, se possível, acerca de futuras actividades, ok?

Cumprimentos fraternos!


L_O

tsluke.ochoa@gmail.com
 
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