15 setembro 2006
Mais sombra que sol
Ainda não saiu, mas já se viu tudo. Até o nome é de tabloid. O novo jornal Sol, patrocinado pelo BCP (o padrinho Balsemão desta vez cortou-se) promete encher as bancas aos sábados com mais cretinices de direita e páginas cor-de-rosa, como se as que já existem não chegassem.
Nos anúncios é só personalidades de direita, desde José Hermano Saraiva (o tio do director) até ao Sócrates, passando pelo Marcelo Rebelo de Sousa, ao lado de adjectivos tão falsos como rigor, vivo, luminoso e combativo. Ontem Zezinho Saraiva deu uma entrevista à RTP. Chamou de originalidade aquilo que me deixou perplexa – ter uma secção de entrevistas a pessoas famosas sobre um tema que nada tem a ver com a sua área de interesse ou especialização. Não só isto não tem nada de original – é o que mais se vê por aí – como, pergunto eu, qual é o interesse disto? A mim parece-me mais uma promoção descarada da ignorância. Outras partes do jornal que parecem ser mais interessantes, como entrevistas a presos que estão a cumprir pena, vão ser seguidas das secções de etiqueta, animais e moda.
Não esqueçamos que o director José António Saraiva foi aquele que disse que escrevia para receber o Nobel da Literatura, porque no fundo o que o move não é escrever melhor nem informar, é a ânsia de receber prémios.
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