07 agosto 2006

 

Soluções para o conflito


Diferentes soluções têm sido apontadas para o mais recente conflito no Médio Oriente. Israel e os seus aliados têm declarado ser contra um cessar fogo que não resolva as razões do conflito, as quais segundo eles residem nos recentes ataques a Israel. Tal posição também é partilhada pelos numerosos comentaristas que fazem coro com os falcões israelitas, de Vasco Graça Moura a Luciano Amaral. Mesmo a posição dos países moderados é perfeitamente inútil ao sugerir uma força de intervenção que caso vá para o terreno terá inevitavelmente de intervir num conflito. Nao me refiro a este, mas ao que tem ceifado muitas vidas ao longo de muitas décadas. Tal força só poderia resolver o problema pelo esmagamento de um dos lados e adivinha-se qual seria.

Mas outros têm sugerido ao longo dos tempos propostas mais equilibradas da resolução deste conflito de décadas: da separação entre Palestina e Israel a um único estado laico. Recentemente, no “Clube de Jornalistas” da RTP 2, Pezarat Correia observava que a afirmação, por parte de Israel, de os judeus estarem permanentemente ameaçados de serem atirados ao mar era desmentida pela transição pacífica do Apartheid da África do Sul para o regime democrático. Infelizmente, e apesar de inequívocas melhorias, a transição não resolveu ou chegou mesmo a aumentar as assimetrias como John Pilger registou em documentário. Tal não é inédito e basta recordar, mais de 100 anos depois do fim da escravatura, as assimetrias brutais dos negros nos EUA.

No entanto, se Pezarat destrói o argumento de Israel, depara-se com a irredutibilidade de Israel em não abdicar da natureza religiosa, neste caso judaica, da sua fundação. A concretização do projecto sionista que o Irgun começou à bomba (o mais famoso ataque foi a um hotel) e que os tanques do Tsahal continuam hoje não se coaduna com maiorias alheias. Assim se explica a expulsão de palestinianos e a importação de cidadãos, judeus de outros países, desde a sua criação.

Deste modo, não se antevêem grandes perspectivas de paz para a região nos próximos tempos e para os problemas que preocupam os árabes, nomeadamente os ataques à Palestina, o retorno dos refugiados ou as fronteiras reconhecidas pela ONU (tão importante no acesso a recursos locais). Caso os israelitas não se decidam por um caminho de paz e reconciliação com os seus vizinhos, a guerra será longa e voltará ciclicamente.

Comments:
Caro Samir

Essa zona do globo está em guerra desde 1948. Só uma mudança radical da política externa norte-americana poderia eventualmente levar a uma paz duradoura. Tal é virtualmente impossível, até pela força que os diversos lobbies israelitas detêm desde há muito no seio da sociedade norte-americana.

A radicalização dos beligerantes hoje é tal (de um lado não se reconhece o direito à existência de Israel, do outro mata-se indiscriminadamente alienando os sectores moderados e criando as condições para cada vez maior ódio ao estado judaico) que soluções para isto, não vejo.

Há uns posts atrás, foi aqui
referida a falência da ONU. Essa falência foi directamente provocada pelos EUA e RU, na
sequência da invasão não mandatada do Iraque, que entretanto resvala para a guerra civil de contornos sectários e religiosos.

Só uma ONU forte teria legitimidade para por um fim neste e noutros conflitos. Como a ONU está no descrédito total, o "concerto das nações" e a construção de um "road map" (volta George Orwell está perdoado)para a paz afigura-e inviável.

Não faço ideia onde tudo isto irá parar. O mais certo será a perpetuação de um conflito de baixa intensidade, até que fanáticos religiosos, cujo ódio é directamente alimentado pela política de dois pesos e duas medidas do Ocidente, realizem um atentado de proporções bíblicas, posivelmente com recurso a material nuclear. Não querendo ser pessimista, a manter-se a cegueira dos EUA e RU é para aí que caminhamos.
 
É importante relembrar que quando se fala em diferentes movimentos árabes não reconhecerem Israel, refere-se a um estado de matriz judaica. Quando se chega a um sítio, dá-se um chega para lá à maioria dos habitantes locais e impõe-se um Estado em que a maioria dos habitantes deve ser judia é obviamente que é pedir confusão que todo este tempo depois ainda há guerra sem fim à vista.

Veja-se esta pérola do cabrão do Vasco Graça Moura:
"Por várias razões, entre elas o medo, 656 mil árabes fugiram do território de Israel depois de 1947-48. Mas houve também 500 mil judeus que, entre 1948 e 1967, tiveram de fugir dos países árabes onde tinham as suas comunidades havia mais de dois milénios, refugiando-se em Israel."
 
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