08 agosto 2006

 

A democracia em Israel


Israel é para muitos um exemplo de sucesso na “barbárie” do Médio Oriente. O alto nível de vida de uma boa parte dos israelitas provém da sua capacidade de organização e do generoso apoio dos EUA, mas também da apropriação e exploração dos recursos locais: do uso de mão-de-obra barata ao controlo dos recursos hídricos (Montes Golã), passando pelo roubo de terras a palestinianos - neste caso, não parece haver oposição internacional como no Zimbabué ou outras reformas agrárias tão prontamente combatidas. Esta desigualdade e o desejo de manutenção dos privilégios é um dos aspectos que dificulta a viabilidade de um estado único e laico, mas também de dois estados separados, um pobre e outro rico, num contexto de rivalidades de décadas.

No entanto, na democracia em Israel nem todos são considerados iguais. Primeiro discriminam-se os árabes residentes em Israel mas sem nacionalidade, e de seguida os árabes israelitas. Mesmo entre judeus, a discriminação é muito forte. A sua proveniência, por exemplo, se da Europa ou se de África, corresponde a uma forte hierarquia. A ascensão de Peretz foi neste sentido visto por muitos analistas como um avanço (embora tal não o impeça de matar tanto quanto os outros).

Uma das histórias mais elucidativas e extremas da diferenciação da proveniência judaica relata a criação de judeus em orfanatos especiais. Durante anos, filhos de judeus africanos (Etiópia/Eritreia) foram transferidos para estes orfanatos especiais, enquanto aos pais era dito que os filhos tinham morrido durante o parto. Nestes locais, eram educados como cidadãos israelitas exemplares, evitando a influência nefasta dos incapazes pais mas garantindo a pureza da raça.



   

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