09 agosto 2006

 

Das democracias


A superioridade moral da democracia é abundantemente anunciada por muitos comentadores do regime, com maior incidência nestes últimos anos. Alguns mais extremistas, como Vasco Graça Moura ou Pacheco Pereira, legitimam ainda a prática da barbárie na defesa desse bem supremo. Mas de que democracias falam eles?

Antes de mais, a nível externo, qual a legitimidade destas democracias para agredirem outro país? Simplesmente por a agressão ser decidida por governos “democraticamente” eleitos? Mais a mais, os seus dirigentes escondem freqeuentemente a sua veia belicista quando vão a votos.

Depois, nem todos os votos parecem ser aceitáveis para a comunidade dita democrática: veja-se o apoio a golpes contrários a governos eleitos como na Argélia ou as pressões inaceitáveis sobre o Hamas. Os EUA têm um maior historial neste aspecto, destacando-se o apoio ao golpe de Pinochet, a recusa de aceitar Chavez (Venezuela), entre muitos outros.

Para além disso, a importância dos valores democráticos é inversamente proporcional à amicidade dos países em causa. Chavez e Ahmedinajad (Irão) são flagelados internacionalmente pelos EUA embora tenham sido eleitos democraticamente, enquanto a colaboracionista Arábia Saudita e alguns adjacentes mais parecem um retrato da época medieval.

Finalmente, “democracias” há muitas. Por exemplo, poder-se-á comparar as democracias nórdicas com a dos EUA, a qual acompanha frequentemente os ditos Estados-pária nos relatórios de direitos humanos? Nos EUA veja-se a esperança média de vida de negros e latinos ou a sua taxa de encarceramento, ou ainda estarem no top das execuções. Agressões a outros países, raptos, Abu Ghraib ou Guantánamo também merecem referências. Israel também não é nenhum anjinho. De assassínios, raptos a agressões a outros países, pouco falta no seu currículo. O regime de apartheid também não abonará a seu favor. E que dizer das suas máquinas de produção e controlo da informação?

A recente eleição presidencial em São Tomé e Príncipe é também bastante elucidativa da ilusão da democracia em muitos países. Perto das urnas, juntavam-se muitas pessoas com um único fim: trocar o voto por dinheiro. E Fradique de Menezes foi eleito.

Assim se vão fazendo as democracias...

Comments:
E o México, é preciso não esquecer neste momento essa magnifica democracia que é o actual "Foxista" México.
 
Não esquecer igualmente que a eleição de Ahmedinajad dificilmente se poderá inserir numa moldura democrática.
 
O Bokassa, com qual moldura democrática democrática queres comparar? Com o exemplo da democracia no Iraque? Afeganistão? Arábia Saudita talvez? Com a Madeira?
 
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