28 julho 2006

 

A resistência e o sofrimento dos civis


O Hezbollah tem sido acusado de se esconder no meio de civis, inclusivé por activistas da paz. Perante argumentos crápulas, vejo-me forçado a apontar o óbvio.

Antes de mais sou ateu e contra os fundamentalistas religiosos, sejam eles cristãos, judaicos ou muçulmanos. Tal não significa que em situações concretas a razão nao esteja maioritariamente de um ou outro lado. Neste caso, perante a contínua chacina perpretada por Israel (que não começou na semana passada...), e os cúmplices, os corruptos e os coninhas habituais da comunidade internacional, o Hezbollah é um dos poucos movimentos que não deixa os palestinianos abandonados.

Há algum tempo que o Hezbollah resiste à agressão israelita. Todos os movimentos de resistência inevitavelmente interagem com a população quer para se esconder, para guardar armas ou fornecer-se de mantimentos. Foi assim com a Resistência anti-nazi, foi assim no Vietname, foi assim em Timor,... E com o apoio de boa parte da população.

(Sobre o apoio da população a história recente na Palestina é paradigmática. O apoio na palestina ao Hamas e a queda do anterior governo explica-se em grande parte pela incapacidade de resolver os problemas da população, nomeadamente no que diz respeito a Israel. Já a última Intifada também tinha demonstrado o descontentamento dos árabes com a situacao de miséria e humilhação, mas desta vez dentro do território controlado por Israel.)

Tal não quer dizer que todo o Líbano o apoie. Já na guerra houve uma minoria que se aliou a Israel e, por exemplo, tiveram papel fundamental nos massacres de Sabra e Chatila. Se no Médio Oriente a geoestratégia é mais complicada, a lista de resistentes e colaboracionistas ao longo da história na Europa é longa (perdoem-me o eurocentrismo mas é importante demonstrar quão universais são estas práticas).

Exemplos de resistência há muitos aquando da ocupação pela Alemanha Nazi. Da França à União Soviética muitos recusaram aceitar a tutela de Hitler. Perante as suas acções, os nazis ameaçavam executar civis caso os resistentes não se entregassem ou parassem as suas actividades. Apesar das perseguições e das inúmeras execuções (na União Soviética a matança foi particularmente brutal), quer os militantes armados quer os civis persistiram em resistir. Afinal, a submissão era inaceitável.

E exemplos de colaboracionismo não faltam. Na França de Vichy o próprio Mitterrand participou. Na altura, o castigo para o colaboracionismo ia do cortar o cabelo (às mulheres que confraternizassem com os alemães) ao fuzilamento pela resistência.

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