08 junho 2006

 

Línguas


A partilha de África decidida na conferência de Berlim no final do século XIX foi provavelmente o momento decisivo e com maiores consequências para África. Sem olhar a povos, etnias, línguas, culturas, seguindo o faro dos colonizadores para as riquezas do continente negro e os destinos do capitalismo, traçou-se a régua e esquadro o destino de milhões de pessoas.

As lutas de independência que se agravaram depois da 2.ª Guerra Mundial trouxeram a lume uma questão de vital importância para os futuros países africanos. Que língua oficial escolher? A do colonizador, símbolo da opressão? A língua mais falada pelas pessoas que habitavam esses estranhos novos países? Várias?

A maior parte dos países ficaram pela língua do colonizador, acrescentando-lhe a língua local mais falada. Por exemplo, na Tanzânia aprende-se swahili na escola até ao secundário, altura em que o inglês passa a ser a língua de conversação nas aulas.

Em Moçambique, o português é a língua oficial. É falado apenas por 30% da população. No Sul, fala-se também e principalmente o changana e o ronga, no Norte fala-se swahili, macua e maconde, entre outras. As crianças em casa só aprendem a língua local, muitas pessoas nada entendem de português. Algo de bom foi feito para lidar com esta babilónia: pelo menos em Cabo Delgado já se pode ensinar as crianças a ler na sua língua materna, que não é o português.

Comments:
É uma situação com difícil resolução.

1. a adopção da língua tradicional mais falada levanta questões a nível das outras etnias e da tomada de poder por aquela.

2. a adopção da língua do colonizador é horrível, lembrando tempos antigos (já não posso com a moda actual da lusofonia...). Por outro lado, é muitas vezes o único elo que une as gentes.

3. A combinação da língua do colonizador com a da própria etnia é explosiva se adicionarmos a eventual importância de uma língua internacional (e o colonizador não fale Inglês)

Houve quem tentasse criar novas línguas para ajudar as pessoas a entenderem-se e comunicaram, sem o peso do passado.
 
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