16 junho 2006

 

HIV/SIDA


A pandemia da SIDA atinge principalmente os países africanos. Pondo em causa a viabilidade da estrutura económica de vários países a longo prazo, os efeitos já se fazem sentir.

Ouvi falar pela primeira vez deste fenómeno na África do Sul, um dos países mais afectados pela doença e uma das prováveis fontes de novas infecções no Sul de Moçambique. Mas também no Norte de Moçambique os relatos são semelhantes. Os adultos morrem de SIDA deixando filhos pequenos que, ou não têm quem cuide deles, ou ficam entregues aos cuidados dos avós. Muitas vezes de saúde debilitada, eles próprios esperando nesta última fase da vida serem ajudados pelos filhos agora falecidos, vêm-se a braços com mais algumas bocas para alimentar e educar sem as forças de outrora.

Junte-se a isto, para a província de Cabo Delgado, que a esperança de vida diminuiu dois anos estando agora por volta dos 37 anos.

Uma das preocupações numa província tão afectada pelo analfabetismo (cerca de 80% da população não sabe ler nem escrever) são os professores. Mas estes também estão em risco por via do HIV/SIDA, e com eles e elas os alunos e alunas, pois é prática corrente pagar com favores sexuais a passagem num exame.

Perante este cenário, e ao ouvir as declarações de um responsável político na televisão nacional referindo que desconfia da eficácia dos preservativos gratuitos simplesmente por serem gratuitos e que ainda faltou discutir na entrevista que decorria se o HIV existe mesmo ou se é uma produção laboratorial, só resta uma profunda tristeza.

Comments:
Há uma relação clara entre a epidemia de HIV em África e os interesses imperialistas. Para estes, o que interessa são as matérias primas e não a possível mão-de-obra, sobretudo quando a maquinaria produz mais.
Assistimos ao novo desaparecer de milhões de africanos devido á desumanidade da rapina. Antes foi a escravatura!
 
Exemplos não faltam, das declarações da Igreja Católica em que o vírus passava pelos poros dos preservativos a muitos estadistas que minam os esforços de combate à doença.

Também interessante é pensar no papel desemmpenhado por Banco Mundial e FMI aquando dos planos de ajustamento estrutural em África. A debilização de sectores-chave e então ainda tão imberbes como o serviço público de saúde e de educação tiveram um grande papel na propagação da doença e na dificuldade de combate e prevenção. A imposição da agenda económica destas instituições será talvez o maior responsável pela desarticulação de uma possível resposta integrada a este problema. O desinvestimento no sector público que tinha nascido com as independências desarmou sonhos que estavam a tentar ser implementados nestas nações que se tinham pensado livres do jugo colonialista.
 
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