02 junho 2006

 

Desenvolvimento


Moçambique é um dos países mais pobres do mundo, senão o último da lista. A miséria circula nas ruas de Maputo, as pessoas viram os latões do lixo em busca de uma refeição, os miúdos alucinados pela cola balbuciam qualquer coisa sobre uma linda mão que passa, muita gente vive do ganho-ganho (a pequena venda na rua, por vezes ambulante em tabuleiros que vão encostados à anca bamboleante), pouca gente tem emprego. A população é jovem e vive do que pode.

Moçambique é assim paraíso das agências de desenvolvimento, essencialmente internacionais, algumas lusófonas. Há de tudo aqui: desenvolvimento rural, desenvolvimento das pescas, UNICEF, Programa Alimentar Mundial, conservação da biodiversidade, Habitat... Proliferam as consultorias na área do desenvolvimento.

No triângulo dourado de Maputo, abundam os restaurantes para quem tem dinheiro, os hotéis caros, os vendedores de artesanato, as agências de viagem, as casas de câmbio, os bancos.

Os hotéis são caros (nunca abaixo dos 50 dólares por noite, se quiserem condições mínimas), uma dormida num quarto alugado num apartamento familiar é 20 dólares, o aluguer do apartamento pode ir até aos 1000 dólares. Os supermercados também, os restaurantes abarrotam de gente bem vestida e nutrida.

Os restaurantes... Há de tudo: italiano, libanês, chinês, tailandês, português, japonês, e o que mais o dinheiro das ONGs comprar. Conversas da treta à mesa de jantar, não fora os homens que passam várias vezes à frente da janela com quadros e esculturas em madeira para vender e dir-se-ia ser este um cantinho simpático numa qualquer cidade europeia.

Comments:
Epa, que retrato tao negativo...Quem le este post ate julga que miudos agarrados 'a cola sao uma marca constante na paisagem urbana, ou que nao ha pensoes baratuchas para turistas pouco endinheirados. E' das cidades mais tranquilas da Africa do sul e central, e relativamente segura. Nao deixei nunca de andar sozinho na cidade (incluindo de noite) e em algumas das zonas mais complicadas, incluindo a zona da rua do Bagamoio ou o bairro do aeroporto. Enjoy the scene, e nao entres em paranoia com os nossos standardized nightmares... Anda de chapa e vai a Xipamanine.
 
Mesmo que a paisagem nao seja toda estampa de miseria, esta posta observa com pertinencia o "apartheid internacional" das ONGs e ONU. Estas grandes missoes humanitarias infligem grandes distorcoes nas economias e sociedades. Os missionarios internacionais tem elevados salarios, pagam rendas caras, usam poderosos carros e outras ferramentas. Assim forma-se um contraste marcado entre o "internacional" e o "local", e por essa segmentacao uma forma de apartheid.
 
nao e a primeira vez que aqui estou. descansa que ando de chapa, mas ainda nao me aventurei no xipamanine. o objectivo do post foi aquele mesmo que o cabral apontou.

fazem-se grandes fortunas (nao do tipo bill gates, mas mesmo assim acima daquilo que imaginaria para quem faz trabalho de desenvolvimento) a reboque da ajuda ao desenvolvimento dos outros.

isso e que me choca. agora em pemba, no norte, os contrastes sao menores mas e de arrepiar a quantidade de ongs que aqui andam a afzer estudos sem resultados praticas por ai alem.

mas isso fica para uma proxima vez.
 
Para além do mais, os preços inflacionados significa que muita da "ajuda" rende muito menos. O que por intervenção/remedeio local custaria muito pouco, com o uso estrangeiro custa muito mais. Aquando da reconstrução de Timor, os carpinteiros e outros vindos da Australia bem que chuparam a ajuda...
 
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