26 junho 2006

 

Câmara Escura


Já se falou aqui como está na moda comparar Hitler a Estaline. O último dos episódios foi registado no “Câmara Clara”, o novo programa cultural da 2, da responsabilidade de Paula Moura Pinheiro. Da literatura à música a apresentadora e os dois convidados, Richard Zimler e António Costa Pinto abordam a cultura de “resistência” à barbárie. A tese apresentada é que afinal todos os totalitarismos são iguais.

Longe de mim vir agora recuperar o “pai dos povos”. No entanto, não se pode deixar passar em claro esta tentativa de reescrever a história. Não só no papel histórico de cada personagem, quer como num passo seguinte em que colam Fascismo e Comunismo como faces da mesma moeda. Num pretenso programa cultural apresentam um extenso manifesto, infelizmente nada original e bastante mais do mesmo.

À laia de nota de rodapé, estes democratas ainda abordam outros temas. Especialmente, Zimler, “judeu” crítico da política de Israel, critica a vitimização constante do povo judeu como justificação dos ataques aos palestinianos. Deixa ainda umas palavras de perplexidade perante Bush. Pena é as suas palavras para estes regimes serem bastante mais suaves do que para outros. Critérios…

Comments:
"A tese apresentada é que afinal todos os totalitarismos são iguais."

E qual é o interesse em fazer distinções entre o terror de Estaline e o holocausto e perseguições de Hitler? Além de todas as mesquinhas diferenças a verdade é que ambos os regimes e ditadores foram responsáveis pela morte de MILHõES de PESSOAS, e essa é a uma verdade inquestionável. Quem a negar está a engendrar uma tentativa de reescrever a história. O que é que interessa discutir se um regime totalitário de 10 milhões de mortes e outro culpado de 20 milhões? Discutindo a questão dessa maneira era tornar o genocídio uma mera questão de estatistica.
Por maiores que sejam as diferenças entre o regime totalitário revolucionário sovietico e o regime totalitario nazi, passam a ser triviais e deixam de ter importância quando está em causa a memória de milhoes de seres humanos, que foram eliminados por esses regimes perversos
 
O problema esta nesta nocao nociva de "totalitarismo" que coloca em contraste o estatismo, como inerentemente esturpista, absoluto e dirigido, e a democracia burguesa, como inerentemente plural e sem direccao.

Entre os dois, definidos nesta forma na ha duvida em escolher o segundo. Mas a politica nao e' assim. Nao e' assim que Estaline e Hitler possam ser equalizados desta forma sumaria sem mais analise nem consideracao. Nao se quer salvar Estaline da historia, e dos seus crimes, mas queremos recordar as conquistas sovieticas.

Em acrescento e' curioso ver que os historiadores portugueses, aceitam a formula Hitler=Estaline mas Hitler nao e' = Salazar. Estes doutos senhores ensinam que em rigor nao foi bem fascismo que vivemos...
 
"Camara Clara" ou "Camara Lucida" e' um excelente livro do Roland Barthes. E' falta de imaginacao transplantar o titulo para um programeco culturesco.
 
Peço emprestado "O problema esta nesta nocao nociva de "totalitarismo" que coloca em contraste o estatismo, como inerentemente esturpista, absoluto e dirigido, e a democracia burguesa, como inerentemente plural e sem direccao." do cabral.

Que dizer dos milhões de mortos promovidos pelas democracias ocidentais em África com os Planos de Ajustamento Estrutural (faleu disso há uns tempos). Se querem fazer contar cadáveres que se faça, mas mais seriamente.

Para além do mais, tudo isto serve para fazer esquecer conquistas importantes resultantes da URSS, não só lá como no mundo inteiro.

Sem tempo...
 
Vejam aqui a discussão:
http://obitoque.blogspot.com/2006/06/hivsida.html
 
efectivamente,
o primeiro "anónimo" que deixou o seu contributo tem a cassete tal qual onde o capitalismo a quer. Ignorar as diferenças entre o regime soviético por alturas de Stalin e o regime nazi de hitler é fazer um gigantesco favor ao capital.

Toda a gente aprende na escola que stalin matou milhões de pessoas, no entanto, ninguém aprende como se processou tal genocídio, fala-se dos gulag com a linguagem oficial da burguesia e louva-se o papel dos aliados na II Guerra Mundia.

Esquecemos porém que a União Soviética de Stalin passava um período de Guerra, esquecemos que a coesão nacional e a construção do socialismo não são propriamente tarefas fáceis com a besta nazi a pressionar de um lado e os aliados do outro.

Esquecemos que a URSS deixou 20 milhões nas fileiras da guerra para que hoje os nazis aqui não chegassem. Fingimos que foi o desembarque na Normandia que resolveu tudo, porque assim é mais fácil.

Porque a mentira é mais fácil Hitler=Stalin. Quando o que importa é a verdade, tudo se complica. E importa saber a verdade, importa saber o que é o nacional-socialismo para além do que nos ensinam, importa saber o que foi a URSS para lá do que se vê no canal História ou no manual escolar.

é que... "só a verdade é revolucionária" (V.I.L)
 
pedrascontracanhões não sei se viste, por exemplo, esta:
http://obitoque.blogspot.com/2006/05/segunda-guerra-vista-pelos-vencedores.html

em 29 de Maio

Abraço

Samir
 
"Esquecemos porém que a União Soviética de Stalin passava um período de Guerra, esquecemos que a coesão nacional e a construção do socialismo não são propriamente tarefas fáceis com a besta nazi a pressionar de um lado e os aliados do outro."

E isso justifica um genocídio?
 
Ora para complicar este filme estou com o anonimo. Quando me falam de "coesao nacional" eu procuro a minha pistola. A descricao e' demasiado generica e nao nos ajuda a aprender com este passado.

Os crimes de Estaline nao foram nem na guerra pos-revolucao nem na segunda guerra, onde o povo sovietico militou pela causa da liberdade e do socialismo. Os crimes de Estaline foram as mobilizacoes forcadas da populacao para construir os grandes projectos do Estado sovietico. A economia politica estalinista via a organizacao taylorista/fordista e alienada do trabalho como o estado ultimo da producao social em capitalismo, e quis leva-la mais longe. Ser progressista era ser maior, mais rapido, por ser mais intensivo. Os "crimes" das purgas politicas, dos burgueses a comer codeas na Siberia, esses nao me causam transtorno.
 
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
 
Cabral acho um pouco ingénuo pensar-se que durante a guerra Estaline não cometeu "crimes" como por exemplo as mobilizacoes forcadas da populacao mas para combater os nazis, muitas vezes com pouca consideração pela vida do próprio exército.

Talvez as percentagens de "crimes" não atingissem o peso das purgas de 1937 ou outras que tais. Mas um "crime" é um "crime", em qualquer altura. Pode é não ficar para a história. Concordo que a parte dos burgueses anti-revolucionários a comer côdeas é uma questão de justiça. No entanto, as purgas raramente são as melhores maneiras para o fazer. As purgas foram bastante vezes actos paranóicos ou de determinada luta pelo poder que nada tem de revolucionário, bem pelo contrário.

Quanto ao anónimo pergunto-lhe qual é a sua análise do comportamento de outros países e regimes. Não tendo um registo das suas opiniões não o consigo distinguir se é um anti-comunista primário ou um sincero humanista ou, porque não, um fervoroso revolucionário. Por isso, gostava que nos desses mais pistas...

Para mim, Estaline cometeu crimes. O meu artigo vem é contra o reescrever da história e o "virtuosismo" destes pseudo-democratas. Nunca o poria em paralelo com Hitler que isso é falso e mentiroso e branqueia o comportamento do dito mundo civilizado. Infelizmente, tal não lava as mãos de Estaline nem nos devolve a possibilidade de ir criando um mundo mais justo, como em tempos ali se sonhou e praticou.

Evidentemente que especialmente a guerra pós-revolução condicionou extremamente tudo dai para a frente. Muitos dos revolucionários morreram a lutar e o clima permanente de guerra e isolamento (impostos de fora e pelos contra-revolucionários) não são o melhor meio de cultura para outros mundos florescerem.

Tal deve servir para compreendermos o melhor o que passou e se evitar erros futuros. Aos capitalistas encapotados aconselho a limparem a sua casa que hoje o cheiro é nauseabundo...
 
Cabral acho um pouco ingénuo pensar-se que durante a guerra Estaline não cometeu "crimes" como por exemplo as mobilizacoes forcadas da populacao mas para combater os nazis, muitas vezes com pouca consideração pela vida do próprio exército.

Talvez as percentagens de "crimes" não atingissem o peso das purgas de 1937 ou outras que tais. Mas um "crime" é um "crime", em qualquer altura. Pode é não ficar para a história. Concordo que a parte dos burgueses anti-revolucionários a comer côdeas é uma questão de justiça. No entanto, as purgas raramente são as melhores maneiras para o fazer. As purgas foram bastante vezes actos paranóicos ou de determinada luta pelo poder que nada tem de revolucionário, bem pelo contrário.

Quanto ao anónimo pergunto-lhe qual é a sua análise do comportamento de outros países e regimes. Não tendo um registo das suas opiniões não o consigo distinguir se é um anti-comunista primário ou um sincero humanista ou, porque não, um fervoroso revolucionário. Por isso, gostava que nos desses mais pistas...

Para mim, Estaline cometeu crimes. O meu artigo vem é contra o reescrever da história e o "virtuosismo" destes pseudo-democratas. Nunca o poria em paralelo com Hitler que isso é falso e mentiroso e branqueia o comportamento do dito mundo civilizado. Infelizmente, tal não lava as mãos de Estaline nem nos devolve a possibilidade de ir criando um mundo mais justo, como em tempos ali se sonhou e praticou.

Evidentemente que especialmente a guerra pós-revolução condicionou extremamente tudo dai para a frente. Muitos dos revolucionários morreram a lutar e o clima permanente de guerra e isolamento (impostos de fora e pelos contra-revolucionários) não são o melhor meio de cultura para outros mundos florescerem.

Tal deve servir para compreendermos o melhor o que passou e se evitar erros futuros. Aos capitalistas encapotados aconselho a limparem a sua casa que hoje o cheiro é nauseabundo...
 
Concordo em absoluto com o último comentário de Samir Machel. Para se comprender o comportamento de Estáline, temos que lembrar o cerco a que a URSS foi sujeita logo a seguir à revolução de Outubro, a guerra permanente a que foi sujeita, o comportamento miseravél dos governos burgueses perante o ataque Nazi-fachista à Républica Espanhola. Talvez este ambiente justifique um pouco certas actitudes; " do rio que tudo arrasta todos o chamam de violento, mkas ninguém chama de violento as margens que o oprimem", dizia Brecht e parece-me adequado à situação. Posto isto só me resta dizer que também não aprecio a figura de Estaline, mas compará-lo com Hitler é uma completa aberração que só pretende limpar a imagem dos Nazis e do Capitalismo de que faz parte, o nazismo e o fachismo são uma formas de acção que o capitalismo e a burguesia assumiram num dado periodo histórico.
 
"Quanto ao anónimo pergunto-lhe qual é a sua análise do comportamento de outros países e regimes. Não tendo um registo das suas opiniões não o consigo distinguir se é um anti-comunista primário ou um sincero humanista ou, porque não, um fervoroso revolucionário. Por isso, gostava que nos desses mais pistas..."

Caro Samir Machel, eu não sou anti-comunista. Eu não confundo comunismo com estalinismo, como muitos fazem. Aliás, penso que qualquer comunista "lúcido" condena veementemente o genocídio e as táticas brutais de Estaline. Os fins não justificam os meios.
Tal como condeno Estaline, condeno Hitler, Franco, Mao Tse tung, Bush, entre outros....
 
Eu referi o anti-comunista num contexto, referente ao artigo em causa e ao contexto histórico actual onde anti-comunistas encapotados reescrevem a história fazendo terraplanagem da história.

Apesar de criticar severamente Estaline, recuso a vergar perante esse bando de mentirosos. Para além, é na minha opinião incorrecto igualar todos esses líderes, como muitos ditos democratas gostam de fazer, com o epíteto que os extremos tocam-se.

Abraço

Samir
 
Enviar um comentário

<< Home


   

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

   
   
Estou no Blog.com.pt