16 maio 2006
Sobe e desce, sobe e desce, sobe e …
Hoje descem os preços nos mercados internacionais. As últimas semanas foram de valorização para as matérias-primas, algumas como o cobre, há muito declaradas como negócios sem rentabilidade. A justificação para este movimento de preços é o imparável crescimento económico da China e da Índia. A imensa mão-de-obra do longínquo oriente vive um frenesim produtivo que só encontra limite na falta de matérias-primas para a produção, um evento raro na história económica. Em imediato oportunismo, e sem considerar o exagero especulativo das praças mundiais, já se apresentam planos de reabrir minas há muito esquecidas. A impaciente China anunciou que comprará o lixo do Primeiro Mundo para extrair os materiais que a sua indústria mineira não consegue expelir. O ferro velho transmuta-se em ouro e sobem muros sobre as lixeiras. Inverte-se a ordem das coisas - o fluxo das matérias-primas parte do Norte para as fábricas do Sul.
Hoje descem os preços nos mercados internacionais porque desce o preço do dólar. A guerreira economia Americana, alegadamente, está de boa saúde e recuperada da crise de 2000-2003, para tal ajudou a guerra contra o Iraque que subsidiou a indústria militar e os seus co-adjuvantes. Mas esta nação é vulnerável, e numa referência clássica é como Aquiles e o tendão. A fragilidade do guerreiro é o seu défice comercial. Após décadas de deslocalização - de transferência do capital americano em investimentos no estrangeiro, o centro deste império já não produz. Mas sem produção os norte-americanos precisam de comprar do estrangeiro os bens que os seus magníficos salários permitem, aos Europeus, Japoneses e Chineses, os Norte Americanos precisam de vender dólares e comprar divisas estrangeiras. Assim, inundam os mercados mundiais de dólares o que enfraquece o preço da moeda (i.e. de cada vez que adquire euros, na próxima compra terá que oferecer mais dólares).
Este tendão de Aquiles seria somente um problema nacional, “os Americanos que se lixem!”, se não fosse o dólar uma unidade de reserva mundial. Os Bancos Centrais do mundo tem os cofres cheios de dólares como reserva de riqueza, e se o dólar está mais barato, os cofres cheios deixam de valer o que valiam. Todo o mundo empobrece. Todo o mundo está em risco de nesta súbita pobreza não conseguir comprar as “famosas” matérias-primas e de continuar a crescer alimentado por estas compras. Sobre os ares paira o espectro da crise.
Comments:
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Creio que são os Chineses e Japoneses são os que têm mais dólares via a exportação para os EUA.
Se a crise será global (dos dólares que valerão menos e da redução do maior mercado mundial - os EUA), esta será distribuída assimetricamente. Não são todos que têm dólares, como não são todos que exportam para os EUA.
É por isso que há quem suhgira que se deixe de transaccionar em dólares. Nesse dia lá se vai a American way of life.
Samir
Se a crise será global (dos dólares que valerão menos e da redução do maior mercado mundial - os EUA), esta será distribuída assimetricamente. Não são todos que têm dólares, como não são todos que exportam para os EUA.
É por isso que há quem suhgira que se deixe de transaccionar em dólares. Nesse dia lá se vai a American way of life.
Samir
Se o economia nao e absolutamente global, e' pelo menos articulada. Se o Japao e a China apertam o cinto tambem sofrem outros que nao tenham o dolar debaixo da cama. Sao estes afinal os motores da economia mundial, e o combustivel tem sido o dolar.
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