03 maio 2006

 

Quem é que nos protege da polícia?


Ontem, a PSP de Lisboa, Polícia Judiciária Militar (PJM) e Ministério Público atacaram os moradores do Bairro da Torre, em Camarate, supostamente no âmbito do combate ao tráfico de armas. A "Operação Torre de Controlo" chegou ao bairro às sete da manhã, com 600 agentes do Corpo de Intervenção, do Grupo de Operações Especiais e do Núcleo de Investigação Criminal e 150 viaturas. "As primeiras equipas a sair foram as do CI, que cercaram o bairro, impedindo que mais alguém entrasse ou saísse. Depois, avançaram as do GOE, que apoiaram os elementos do núcleo de investigação criminal da PSP, que actuava à paisana, e dos magistrados nas rusgas a todas as casas dos bairros. As equipas cinotécnicas da PSP também estiveram presentes para que, com o apoio dos cães, fosse possível detectar a existência de droga e de explosivos."

Não sendo propriamente novidade as ditas buscas, as de ontem foram particularmente mediatizadas. Tal permite conhecermos um pouco melhor a realidade a que as pessoas estão sujeitas por viverem em determinados bairros. Do artigo de Mafalda Inácio no DN destacam-se algumas ideias-chave sobre a acção policial:

Parcimónia
A polícia fez "apenas" 138 buscas domiciliárias, apesar de os magistrados terem 200 mandados de forma a poderem efectuar buscas em todas as casas.

Sucesso
Dez detidos, 19 armas de fogo apreendidas, das quais 13 caçadeiras, uma pistola de nove milímetros, duas de calibre 6,35, 500 munições, 22 carregadores de nove milímetros e dois silenciadores. Especialmente grave num país onde centenas de milhar tem armas de "caça" e outras...

Racionalidade
Num momento, em que se pede contenção, é notável a contenção de recursos nesta operação. 19 armas para 600 agentes não dá uma má média. Se fossem fiscalizar outros polícias certamente iriam encontrar mais armas ilegais.

Pacífica
O DN classifica a operação de ontem de pacífica. Que o digam os diversos moradores, de crianças a velhos, que viram as suas portas arrombadas, os homens algemados e por vezes agredidos, as suas casas remexidas e destruídas. Mas a culpa será "certamente" dos moradores, pois se a polícia entra de "shot gun" em punho e as aponta a crianças terá as suas razões. Afinal, não há fumo sem fogo...

Segurança
Segundo o subintendente Neto Gouveia, que coordenou a operação, o dia de ontem serviu igualmente para "garantir à população que a polícia está cá para dar segurança e que consegue entrar em locais que, à partida, muitos dizem estarem vedados às brigadas" (DN).

É tempo de dizer quem é que nos protege da polícia?

PS - no Bitoque alguém comentou potenciais double standards em análises efectuadas. Num país onde não os há, aconselho os vizinhos de Pinto da Costa, Valentim Loureiro e muitos, muitos outros a terem cuidado. Nunca se sabe quando 600 gândulos lhes cercam o prédio...

Comments:
e tempo de recusar esta paranóia securitária. afinal de contas, é em nosso nome que se vão cometendo estes atentados.
 
É simples comentar, mas e os resultados da operação?

Podem haver muitos Zé Maneis de caçadeira em casa, mas quantos fazem uso delas para nos assaltar, vingar-se nos outros, ou só para passear na rua?

Eu concordo com este tipo de rusgas, que apesar de tudo, ajudam a um minimo de "controle" na secção da população com uma percentagem de jovems com um maior nivel de violência.

O que deviam criticar é como são feitas: não deviam entrar nas casas das pessoas sem assegurar que os que se provou não ter nada não são prejudicados. Eu sei que é ingénuo da minha parte, mas uma simples compensação financeira ajudaria esta gente a recuperar-se dos danos feitos. E já agora, porque entram em casas aleatórios do bairro? Morando eu perto de um bairro degradado, sei que quase toda a população podia apontar a dedo os apartamentos da segurança social com toneladas de armas e droga. Porque a policia não se atreve a entar nesses, apenas me indica um grau de corrupção inaceitavel.
 
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