08 maio 2006
Psico-medicação
Antes eram tristeza e melancolia, agora chamam-se depressão. Uma pessoa nervosa diz-se que padece de ansiedade. Timidez é um ponto no espectro autista. A um revoltado contra o mundo, ou lhe aflige algum sindroma adolescente ou um adulto stress. Um idoso senil pode ter alzheimer, parkinson ou artério-esclerose. Uma criança distraída aponta-se em sentido técnico que é hiper-activa. A felicidade e o desejo são ambos transmutados em estados primeiro hormonais e de seguida neuronais.
A acompanhar esta reforma lexical temos um cardápio medicamentoso para corrigir as doentes consciências: descontrair, excitar, elevar, ou nivelar os humores. Devorando pílulas sobre pílulas, sentir significa uma doença que vamos neutralizando para bem da productividade social.
Deixámos de nos interrogar sobre como nos sentimos ou porquê, sendo que estas reflexões foram resolvidas no ambito disciplinar da medicina. O contentamento na vida, de benece farmacêutica, aceitamo-lo comprar do nosso bolso. E purgados dos tumultos emocionais somos um modelo de eficiente obediência. Uma sociedade de “cadáveres adiados que procriam”.
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Em particular, refira-se o "attention deficit disorder" (ADD), síndrome que não tem um diagóstico claro (da última vez que me informei, podiam ser qualquer coisa como 5 sintomas de uma lista de 20, ou algo semelhante, mas que podiam não significar nada). Aplica-se a crianças distraídas, hiperactivas e que têm dificuldades de concentração. Esta é a galinha de ovos de ouro do medicamento Ritalin: o seu mecanismo de funcionamento não é bem conhecido, apenas se sabe que apesar de ser um excitante bem mais poderoso que a cafeína deixa os miúdos apáticos, perdão!, calmos e concentrados. Passada uma infância e adolescência a tomar ritalin, são a fatia grossa dos miúdos que nos EUA agarram em armas e disparam contra tudo e todos.
Aliás, são os EUA os seus maiores fãs: escolas há que se recusam a manter miúdos cujos pais se recusem a medicar os filhos; na Escola Americana em Haia muitos dos alunos tomam este medicamento, fazendo do pátio da escola um lugar estranho, sem risos e gritos, sem miúdos a trepar e a correr uns atrás dos outros.
Aliás, são os EUA os seus maiores fãs: escolas há que se recusam a manter miúdos cujos pais se recusem a medicar os filhos; na Escola Americana em Haia muitos dos alunos tomam este medicamento, fazendo do pátio da escola um lugar estranho, sem risos e gritos, sem miúdos a trepar e a correr uns atrás dos outros.
portugal é um dos paises onde mais se consomem barbituricos. e cada vez mais tens e és aconselhado (atraves do medico da empresa) a tomar coisas para manter o "ritmo de trabalho".
Não só sentir é visto negativamente (na sociedade) como se caminha para a sua proibição.
Por exemplo, os pais que não ponham os filhos a tomar Ritalin, depois de "detectada" a "desordem", arriscam-se a ver retirada a custódia dos filhos pela Segurança Social (nos EUA).
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Por exemplo, os pais que não ponham os filhos a tomar Ritalin, depois de "detectada" a "desordem", arriscam-se a ver retirada a custódia dos filhos pela Segurança Social (nos EUA).
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