12 maio 2006
Orgulho na traição

Trata-se de uma perigosa analogia. Entre mim e a minha pátria não há amantes, a minha pátria não tem corpo para a ligação sentimental. A minha pátria é sempre sobre mim imposta. Comummente a minha pátria pratica constantes traições em que mente e manipula. Do Estado à Cultura nacional a nação portuguesa vai-se enamorando com os imperialismos norte-americanos e com as modas do espectáculo capitalista. Não lamento a perda da legendária identidade nacional. E não reservo pranto para o folclore. Esta pátria é o que sempre foi, uma farsa, falsa, forjada distinção.
A imagem que melhor descreve a logica pátria, é um barco que nos transporta prisioneiros, com repetidos apelos a que continuemos a bordo, no limite do nosso esforço a remar. Quem dirige, esconde-se ao leme e o seu rumo jamais coincide com o desejo dos remadores. Esses lutam com os remos e as ondas e movendo a nação, são quem quem menos direito tem a definir o seu rumo.
Para esta viagem sou traidor. Traidor de pátria que quer fazer um buraco no casco e afundar a navegação. Sei para onde quero ir, e até sei nadar. Vamos fazer antes uma jangada.
|
|
![]() |
|
![]() |
|
![]() |