04 maio 2006

 

Diferentes Maios


As notícias sobre o 1° de Maio deste ano vêem da América. Nos EUA assistiram-se às maiores manifestações desde o primeiro 1 de Maio, em 1886. Em várias cidades os números de protestantes chegaram às várias centenas de milhar, com mais de meio milhão nas ruas de LA, 400 mil em Chicago e mais de 100 mil em Nova Iorque.

Os mexicanos solidarizaram-se com os imigrantes nos EUA e gritaram-se as palavras de ordem “Um dia sem gringos!”.

Na Bolívia, Morales nacionalizou o gás e o petróleo. Acabou-se o saque das multinacionais que se orgulhavam em dizer que ganhavam 10 dólares por cada dólar investido na Bolívia.

Já eu, nem aos protestos pude ir, porque na Universidade de Cambridge, até no dia dos trabalhadores o chefe é quem manda, e a minha decidiu que não era feriado...

Comments:
Um dia sem gringos no méxico correspondeu a boicote aos produtos americanos.

também eu passei o dia 1 de Maio em trabalho. Aliás, o fim-de-semana inteirinho a acompanhar alunos numa saída de campo. Foi porreiro mas ninguém me tira o amargo da boca, pois também fui das que disse no 25 de Abril: "até ao 1.º de Maio!".
 
essas multinacionais já começaram a tentar envenenar a opinião pública - sempre com o beneplácito e voz passiva dos media - afirmando que a nacionalização vai prejudir a Bolívia: reduzir a eficiência da extracção, dificultar o acesso à tecnologia, etc. Na verdade isso não pode acontecer. A eficiência da extracção pode até ser maior, sobretudo se os rendimentos da extracção foram reinvestidos e não simplesmente divididos por accionistas estrangeiros, e quanto à tecnologia... Se a Espanha, EUA e Brasil a recusarem, a Bolívia pode sempre ir bater às portas russas ou árabes...
 
A dificuldade e' mesmo o Lula, dois tercos do gas boliviano vai para o Brasil e grande parte do investimento 'a exploracao vem da Petrobras. Os gasodutos nao sao muitos e nao e' que o Morales possa fornecer o mercado europeu onde o gas subiu astronomicamente neste ano gelado.

Se nao houver embargo coordenado dos capitalistas, brasileiros e europeus, o Morales pode usar as rendas do gas para o investimento social e productivo que antes seria impossivel. O progresso boliviano para ja precisa da divisao na burguesia mundial.

Esta e' a mais obvia fragilidade do modelo Bolivariano do Chavez, em parte depende da descoordenacao do centro imperialista entretido em guerras nas arabias.
 
lula à parte, todos os outros com interesses nos oléos bolivianos parecem aceder à nacionalização. vejam http://www.bolivia.com/noticias/AutoNoticias/DetalleNoticia32583.asp
 
Concordo com o cabral e o rui martins. No entanto, chamo a atenção para as diferenças entre a Bolívia e Venezuela. As estrutruras petrolíferas estão em pleno funcionamento nesta última e têm uma importante quota de mercado, por exemplo nos EUA. Se por acaso problemas afectassem a produção venezuelana era um forte impacto no preço do petróleo. Quanto à Bolívia ainda está a desenvolver a sua estrutura extractiva e a sua produção ainda representa muito pouco.

Quanto à dependência por enquanto essencial do petróleo tenho dificuldade em reconhecê-la como modelo Bolivariano. Infelizmente, pouco conheço sobre a dinâmica no resto da economia. Quanto à repartição mais equitativa naturalmente saúdo-a.

De resto força à Bolívia e Venezuela e que concretizem os sonhos de tantos dos seus e de muitos pelo mundo fora de um mundo mais justo e fraterno.
 
Na Holanda, o 1º de Maio não é feriado. Ao invés, é feriado o 30 de Abril, dia da Rainha, correspondente ao aniversário da mãe da actual rainha. O argumento para não mudar o feriado com a sucessão é que em Abril faz mais sol do que no aniversário da actual rainha. Por outro lado o 30 de Abril também faz uma boa sombra ao 1º de Maio. E explico porquê:

- Por um lado, substitui um dia de luta e reivindicação por um dia de condescendência real. Neste dia, a rainha abdica dos impostos devidos referentes a vendas nesse dia. Por isso vê-se de novos a velhos a vender tudo e mais alguma coisa. Soa-vos a medieval?

- Por outro lado é um dia de loucura total, com os plebeus na rua e em que a noite anterior foi bem bebida. Tudo vestido de laranja, a cor da família real (a ver se por cá não pega a moda...). Um fartote vilanagem para esvaziar ao mais possível o 1 º de Maio.
 
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