09 abril 2006

 

Sobre a liberdade de expressão


Se é verdade que a liberdade de expressão é em muitos campos garantida, e o próprio direito a "dissent", também é verdade que o espaço deixado ao mesmo nunca foi tão pequeno. Com a explosão de tecnologias de comunicação, não se assiste a um multiplicar de pontos de vista, mas a um martelar incessante das mesmas opiniões. Folheiem-se os jornais, leiam-se os blogues mais povoados. As premissas são sempre as mesmas: "a praga do funcionário público", o "terror", o "extremismo islâmico",... repetidas mil vezes até à exaustão. Mas onde foram colocados os outros pontos? Eles existem, mas estão perdidos nalgum pequeno debate numa biblioteca ou num website num obscuro link...

Leia-se a lista dos 20 blogues portugueses mais vistos, além da pornografia, só fica espaço para os blogues da linha do costume... excepção feita, com todas as honras devidas, ao Renas e Veados. (não, não considero o AspirinaB um blogue que fuja da linha. Eles não buscaram a "dissent", buscaram pluralidade, sem ver que quem precisa de pluralidade não era o seu blogue, mas a própria blogosfera...)

Um livro ilegal no tempo da "outra senhora" atingia mais público do que os livros de hoje,... apesar da sua bonita legalidade.

E então, de que serve a minha liberdade, se ninguém ouve a minha "expressão"?

Comments:
Bom, serve para o que servir. E mais, se não tens "expressão", não será só porque foges ao mainstream. Seria talvez interessante perguntares a ti próprio porque motivo a tua expresssão é reduzida. Isto é, se isso realmente te importa.

Abraço.
 
Alto lá, generalizações são perigosas. "Jornalistas formados na Católica"?. Há muita gente licenciada em Comunicação Social pela Católica que não se identifica com a doutrina social da igreja nem com o paradigma big brother de televisão pimba da TVI, etc.
 
Enquanto subsistir o endeusamento de dois ou três "jornaleiros", tal como de dois ou três clubes de futebol, ou dois ou três partidos políticos, a merda é sempre a mesma.
 
Mas a questão ultrapassa o endeusamento, ultrapassa a aceitação geral.

O que aqui também conta é o controlo, a manipulação, as fábricas de opinião que impingem o que querem às pessoas (e não o contrário). Numa teia bem tecida que garante resultados.

O exemplo máximo é a Itália. Berlusconi, tem garantido muitos votos. Mas mais importante que ganhar o candidato x, exlui para a marginalidade outros projectos alternativos. Um dos exemplos mais chocantes é no pós 2ª guerra em que a campanha anti-comunista foi brutal. Milhões de emigrantes italianos nos EUA foram incentivados a mandar cartas a alertar os seus familiares para o perigo comunista. O PC italiano perdeu uma eleição que parecia certa, através de uma campanha de manipulação que também envolvia a Igreja Católica, naturalmente.
 
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