25 abril 2006

 

Hoje, Avenida da Liberdade, das 15h em diante...


Gente, muita gente. Nas notícias poderiam ter falado em várias dezenas de milhar de pessoas. O "desfile" deste ano foi grande, com a ajuda do sol. Os cravos eram a 0,5€ e apareciam de quando em vez umas senhoras menos jovens a vender "autocolantes do 25 de Abril", mas achei o empreendedorismo demasiado ridículo para procurar o preço. No final da marcha, já no Rossio, os discursos das personalidades recordam a revolução, elogiam os militares, lamentam o estado do país e o rumo que este tomou durante os 32 anos que entretanto passaram. Relembra-se vagamente o PREC, a participação cívica, o "poder que caiu à rua" de onde nunca devia ter saído. Foram mais uma vez discursos de lamentação. Fomos capazes de um fazer um acontecimento histórico notável, e eis que agora somos um povo conformado, acobardado perante o furor da burguesia reinante, entusiasmada em apagar o pouco que se conquistou no fim da ditadura. Não participamos, não exigimos, não responsabilizamos, apenas nos lamentamos. Desde que o clube ganhe o campeonato e os trocos cheguem para o tabaco, o resto que se lixe. O clima é bom e os petiscos abundam, a vida é curta para nos metermos nessas coisas de política. Alguém que trate disso que nós não queremos saber, pagamos os impostos e basta. No final dos discursos de hoje no Rossio, alguém remata com um "até para o ano!". Precisamente. Apenas até para o ano, quando nos voltarmos a encontrar para recordar de como fomos bons em 1974 e em 1975 e quão melhor poderíamos estar hoje, para relembrar os projectos caídos e os sonhos roubados, tudo numa gigantesca sessão de terapia de grupo. Até lá cada um no seu canto, que isto não está para aventuras.

Comments:
tao grande foi a benece de gente que o sol nos ofereceu, que nao nos vimos por la!

(ouvi umas tantas vozes que nao eram "ate para o ano" mas "ate ao primeiro de maio")
 
também eu ouvi uns "ate ao primeiro de maio".

gostava de destacar a malta de Chelas, que foi a mais entusiástica da manif. Perante aumentos de renda insuportáveis, não se resignaram e foram à luta. Um bom exemplo como o 25 de Novembro não resolveu os problemas das pessoas.
 
Esqueci-me de referir a gigantesca muralha de aço (dizer da faixa) que 5 jovens da JCP formaram.

Com muralhas destas...
 
Ou eu ouvi mal, ou o indivíduo que fechou o discurso acabou com um "até para o ano" - era a ele que me referia. Ou se calhar já foi sugestão minha, que já estava no corte e costura. Entre amigos sim, ouvia-se o até para a semana. Também gostei muito do grupo da frente anti-racista, e gostei de ver as associações de militares no desfile - pode ser (provavelmente é) desatenção minha, mas foi novidade.
 
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