06 março 2006
Um mandato divino
O primeiro-ministro Britânico, Tony Blair, às vésperas da invasão do Iraque dizia contar com o apoio popular. Seguiram-se sondagens e a manifestação de mais de um milhão em Londres a 15 de Fevereiro de 2003 para o contradizer. Face à oposição Blair fez uma finta e profetizou que “a História” iria demonstrar que a belicosa decisão era acertada - de uma mandato popular para um mandato histórico. Findos três anos de ocupação com crescente instabilidade no médio Oriente e ataques diários às forças britânicas, Blair arrisca-se com a metafisica. Agora o juíz do primeiro-ministro Britânico será o divino: "If you believe in God (the judgement) is made by God."
Se nos EUA este género de discurso ou passa sem ser notado ou é acarinhado por alguns, no Reino Unido, que só se lembra da religião para oprimir os irlandeses, é discurso de difícil digestão. Este último ardil tem um distinto odor de desespero e decadência. É o partido trabalhista que pede a demissão de Blair e uma transição harmoniosa do poder para o seu chanceler das finanças Gordon Brown, só os conservadores fazem campanha para conservar Blair. Os dois partidos pretendem colocar-se na geneologia das políticas do New Labour, no seu “trabalhismo de direita” ou no seu “conservadorismo humanista.” Ninguém se atreve a assassinar o “pai Blair” porque teria de por em causa o consenso em torno do seu modelo neoliberal com salpicos de estado social. E por isso, vai-se perpetuando este primeiro-ministro de trapos, assombrado, a rezar por apoio.
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