27 março 2006

 

Roubados mas orgulhosos


Vem este post como aperitivo para alguns que se hão-de seguir. Não tendo tempo para mais, venho só picar nalguns pontos (e com sorte sai um picotado decente)...

A inclusão do Belmiro de Azevedo na lista da Forbes serviu de razão para um certo orgulho nacional, contido em alguns campos, é verdade, mas é um orgulho que vai correndo maneirinho na cabeça de muita gente. Parece que tal inclusão deveria servir de motivo para algum regozijo, algo como o fenómeno "Mourinho", o de termos alguém a jogar alto e bem. Acredito que muitos regozijem pelas razões certas, outros pelo provincialismo de ter um português em qualquer lista que seja. Outros por pensarem que tal fenómeno é um bom sinal da nossa economia. Mas ninguém entra na lista da Forbes por ajudar uma economia ou criar emprego. Na verdade, se formos fazer a aritmética de contar os postos de trabalho existentes antes da agregação de qualquer empresa a esse Império, é fácil ver um gordo "menos" à frente de um não menos gordo número. E as empresas que foram criadas, fossem divididas para fora do Império, iriam criar mais emprego. O efeito nos salários é igualmente inverso. A criação de monopólios ou de impérios económicos, e especialmente a subserviência artificial dos estados a esses poderes leva a uma diminuição do poder de compra, favorecendo ainda mais o desempenho desses montros. Pode-se argumentar, "mas pois claro, trata-se da competitividade". Mas Belmiro é o único a tirar dividendos dessa competitividade.

O círculo está montado, quanto mais competitivo é o Império, menos irá esse Império empregar ou pagar pela força que conta nos seus quadros. E mais irá subir Belmiro na lista da Forbes, porque o copo nunca transborda, só cresce.



   

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