15 março 2006
Iraque em Lisboa
Tivemos no passado sábado, dia 11, a oportunidade de ouvir o Presidente da Aliança Patriótica Iraquiana, Al Kubaishi, em Lisboa, na Casa do Alentejo. Por entre toda a riqueza de uma visão de alguém que está lá dentro e que faz uma análise política da situação, por entre os relatos da barbárie dos atentados e das represálias desumanas das tropas ocupantes, houve algumas informações que se destacaram:
- A presença da Al-qaeda, Al Zarqawi e outros grupos exógenos é pequena, reduzida a cerca de 400 indivíduos, segundo as estimativas da Aliança Patriótica;
- A resistência iraquiana, aquela que está verdadeiramente a resistir à ocupação, conta já com cerca de 400 mil membros organizados;
- Diariamente, a resistência organiza pelo menos 150 ataques contras as tropas de ocupação, chegando por vezes aos 300;
- A divisão entre xiitas e sunitas é totalmente artificial. Segundo o orador, todas as tribos do Iraque têm uma mistura dos dois, sendo esta divisão estimulada pelos ocupantes e pelo governo, forjando até os ataques aos símbolos religiosos de cada um (estratégia em tudo idêntica à usada na Jugoslávia para justificar a agressão e divisão de acordo com os interesses ocidentais);
- Há provas do uso de armas químicas pelos ocupantes, nomeadamente fósforo branco e MK-77 (semelhante ao napalm), que têm a brutal capacidade de incinerar os tecidos vivos, deixando as roupas intactas.
Algo que transparecia da fala de Al Kubaishi, mesmo sem perceber o que dizia, já que falou na sua língua havendo na sala um tradutor, era uma profunda revolta e inconformismo com a ocupação, e a absoluta certeza de que os iraquianos venceriam. A evolução da situação parece estar a dar-lhe razão.
No meio da batalha da propaganda, a dúvida é sempre a melhor companheira de uma mente crítica. Ainda assim, não é difícil aceitar as afirmações feitas em Lisboa, sobretudo se pensarmos no muro de mentira que os ocupantes e a comunicação social ocidental ergueram à volta desta (e doutras) guerra.
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