09 março 2006

 

Cow-boy joga cricket


Bush jogou cricket no Paquistão. Foi bonito de se ver. A falta de jeito era óbvia, apesar de tentar disfarçá-la com umas batidas em jeito de basebol. Risadinhas aqui, risadinhas ali, a coisa passou.

Mas o que Bush não gostou mesmo foi que o tivessem atingido com uma bola. De ténis, diga-se. Se tivesse uma Colt no coldre imaginado que traz sempre à cintura, não seria difícil adivinhar um duelo ao pôr-do-sol numa qualquer rua deserta. À falta de melhor, avalentou-se com braços afastados em jeito de ameaça na direcção do infeliz que se lembrou de o atingir. A ameaça estava lá. Em tom de gozo para disfarçar, mas a mensagem foi óbvia: não se atira uma bola de ténis ao Presidente dos Estados Unidos da América!

Mas o que nós temos aprendido desde a sua eleição é bem mais profundo que isto. O Presidente dos EUA pode fazer muito mais que atirar uma inocente bola em tom de brincadeira. Pode ganhar eleições com menos votos que o seu opositor; pode fomentar a paranóia securitária entre os seus e contagiá-la ao resto do mundo (ver aviso no aeroporto de Dar-es-Salaam); pode invadir um país para garantir a segurança num gaseoduto; pode manter prisioneiras pessoas sem acusação formada e em condições desumanas (leia-se tortura); pode invadir um segundo país com base em falsas evidências para assegurar o tão desejado petróleo; pode ameaçar um estado democrático (Venezuela) que considera ameaçador simplesmente por chamar o boi (leia-se, os EUA) pelo nome; etc.

Se ele pode tanto, porque raio é que não há-de um gajo qualquer atirar-lhe uma bola de ténis à cabeça?!



   

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