10 março 2006
Blasfémias e pontapés no livro de História
Dei hoje de manhã de trombas com um post do "rui", digo de trombas pois dá uma boa imagem visual do meu movimento ao dar com o dito-cujo. A pérola está no blog Blasfémias, e dela cito um pedaço:
"Apesar da semelhança de percursos e de formação, Salazar e Cavaco identificam-se sobretudo pelo valor mítico de referência que exerceram e exercem sobre o imaginário nacional: homens rigorosos, austeros, tecnicamente competentes e que dominam as finanças e a economia. A sua durabilidade no poder funda-se, de facto, num arquétipo político nacional, ao qual Pessoa reagia negativamente lembrando que Jesus não «sabia nada de Finanças»."
O tal Professor rigoroso, austero, tecnicamente competente que domina as finanças e a economia foi o mesmo que lançou Portugal para a rectaguarda da Europa, transformando-nos no sereno país de pastores e lavradores (com unhas) do qual andamos a tentar sair há anos? (se agora ficaram presos na dúvida se eu me refiro a Cavaco ou a Salazar, não levo a mal) Fica a pergunta, para que país é que o senhor "rui" anda a olhar? Se calhar com as tendências "atlânticas" andam uns quantos da nossa praça com o cú virado para a Europa e para a nossa história.
Os milagres de Economia que estes dois senhores conseguiram deviam fazer escola. O primeiro, torna-se ditador de uma potência colonial e consegue em menos de meio século transformá-la numa atrasada réplica moderna do pior que o Feudalismo tinha para oferecer. O segundo com as torneiras da Europa abertas a escorrer fundos comunitários, aparenta tê-los deixado escorrer para o mar. Os apoios à Agricultura serviram para remendos sem projecto, não houve aposta na inovação, no desenvolvimento uniforme do país, em vez disso grupos económicos alargaram os tentáculos que hoje, por ser época de vacas magras, nos andam a apertar os colarinhos...
Comments:
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Concordo com toda a ideia da tua posta, mas há um preciosismo a assinalar: Salazar não herda uma potência colonial, ele herda um país na merda com alguns territórios noutros sítios. A ascensão de Salazar justifica-se em boa parte pelo caos da 1a República e a I Guerra Mundial, pela crise que afundava o país desde o fim do ouro do Brasil, das políticas fontistas insustentadas, e depois do orgulho nacional ferido pelo ultimato inglês. Como noutros sítios, o fascismo nasceu da crise e do descontentamento. O que Salazar fez foi parar o país no tempo durante 40 anos...
Estes blogs do novo liberalismo fingem-se tao modernos, tao pos modernos ate', a cantar a nova era libertaria capitalista. Mas passada a performance, ve-se que no miolo esta um velhissimo conservadorismo. Celebram o Cavaco como o novo Salazar, com os mesmos provincialismos pasmados face ao atributo de Professor, de austero e duro patriarca. O que eles gostam mesmo e' do despota, e quando nao o podem ter, que venha a alternativa, a ditadura mascarada que e' o divino "mercado".
Nem mais! A foto diz tudo, mas o post ainda diz mais! E' mesmo isto que a direita em Portugal quer: um novo ditador.
So uma nota ao Govan: o Salazar nao herda propriamente um pais na merda e num caos. Isso e' o que os livros de historia do tempo do Salazar nos diziam (e os de hoje nao parecem ter mudado muito). O que e' caos para uns e' reivindicacao para outros.
So uma nota ao Govan: o Salazar nao herda propriamente um pais na merda e num caos. Isso e' o que os livros de historia do tempo do Salazar nos diziam (e os de hoje nao parecem ter mudado muito). O que e' caos para uns e' reivindicacao para outros.
Interpretei - pelo que percebo agora, mal - o teu uso de "potência colonial" como uma afirmação de que Portugal tinha alguma capacidade ou potencialidade de alguma coisa, que estava bem e Salazar estragou. Concordo que, de facto era uma potência colonial, de facto tinha colónias, mas a degenerescência do pequeno imperialismo português é muito anterior a Salazar, ele já estava a ser excluído desse clube europeu que referes (vejam-se as pressões da Espanha e da Alemanha sobre as colónias e o continente antes da I guerra mundial), e foi isso que quis chamar a atenção. Mas uma coisa é certa para mim, entre o "está tudo bem ou mal", a balança pré-salazar pende muito mais para o mal do que para o bem. O "gap político" como bem disseste tem origem precisamente nisso, não pode ser descontextualizado. Se não, se estava tudo bem e são os livros de história que nos ludibriam, de onde vem esse "gap político"? Mas no que sem dúvida concordamos é no facto de a gestão das colónias ter sido um desastre, nem cabr**s imperialistas soubemos ser...
Desculpem la, mas nao vamos comecar agora a lamentar que os portugueses nem foram bons imperialistas! Teria sido melhor se tivessemos roubado mais?!
Portugal tinha bastantes colonias, em extensao estava entre os primeiros. Como outras nacoes da altura, com grande e merecida ma fama a Belgica, praticava uma economia de saque e de extracao primitiva da riqueza. Mas sera que queremos agora comparar imperialismos? Tera o colonialismo ingles na India sido mais humano?
Portugal tinha bastantes colonias, em extensao estava entre os primeiros. Como outras nacoes da altura, com grande e merecida ma fama a Belgica, praticava uma economia de saque e de extracao primitiva da riqueza. Mas sera que queremos agora comparar imperialismos? Tera o colonialismo ingles na India sido mais humano?
Estava a reagir a:
"a degenerescência do pequeno imperialismo português"
E
"Mas no que sem dúvida concordamos é no facto de a gestão das colónias ter sido um desastre, nem cabr**s imperialistas soubemos ser..."
Se era na brincadeira, nao percebi, fez-me sentido na logica do teu comentario.
Abraco
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"a degenerescência do pequeno imperialismo português"
E
"Mas no que sem dúvida concordamos é no facto de a gestão das colónias ter sido um desastre, nem cabr**s imperialistas soubemos ser..."
Se era na brincadeira, nao percebi, fez-me sentido na logica do teu comentario.
Abraco
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