08 fevereiro 2006

 

Tarde piaram


Sabe-se agora que há três anos atrás, Bush e Blair tiveram um número de encontros em que explicitamente ignoraram as inspecções da ONU e decidiram a melhor maneira de atacar o Iraque. Excertos desses encontros têm várias vezes vindo a público. Os mais recentes incluem citações de Bush a dizer a Blair que os EUA iriam sobrevoar o Iraque com um dos seus aviões espiões pintado com as cores da ONU. Se Saddam disparasse, os iraquianos estariam a quebrar as resoluções da ONU. Noutro excerto, Bush dizia que, se fosse necessário, arranjavam um membro da elite iraquiana que desertasse e mostrasse ao mundo evidências de armas de destruição massiva. E refere ainda o possível cenário de Saddam ser assassinado. Blair por sua vez limitava-se a repetir que estava solidamente do lado do presidente e pronto para fazer o que fosse preciso para desarmar Saddam (excertos da nova edição do livro Lawless World, de Philippe Sands).

Pergunto-me: onde estavam os jornalistas e conselheiros que agora fazem estas denúncias há três anos atrás, antes do começo da guerra? Porque é que só agora aparecem? E é inevitável perguntar também se o mesmo se passará, daqui a três ou quatro anos com o Irão. Será que, tal como no caso do Iraque, só depois de bombardearmos, invadirmos, torturarmos e rasgarmos o país aos bocados se dignarão a dizer-nos a verdade?

Comments:
Três a quatro anos? Acho que estás a ser optimista... Os estados unidos já estão a preparar-se para daqui a um ano, dois no máximo. Porque? Prestem atenção à crise do reactor nuclear... Poderiam dizer que o Iraque custa demais para irem agora. Mas o Irão tem óleo. E o Bush pediu um novo e muito melhorado orçamento de estado com vista a defesa.
Um ou dois anos.
 
Nao me parece que esteja para breve uma intervenção armada, nos moldes daquilo que se fez e se continua a fazer no Iraque. Do meu ponto de vista, as forças norte-americanas já estão demasiado "esticadas" nos seus correntes compromissos. Para além disso, sabe-se que a Guerra no Iraque nao está a dar lucro, bem pelo contrário.

Aliás, é por isso mesmo que o regime iraquiano se permite afrontar o Ocidente na matéria do nuclear. Não são burros e sabem perfeitamente que na actual conjunctura é virtualmene impossível uma intervanção armada no Irão.

Talvez ainda se venha a recorrer a raids aéreos "círurgicos", com vista a destruir as instalações onde eventualmente o programa nuclear se venha a desenvolver, mais do que isso parece-me pura ilusão. Os Estados Unidos estão hoje, no panorama internacional, com menos força do que tinham antes do fiasco iraquiano. A administração enfrenta crescente oposição a nível interno, a guerra iraquiana está para durar, as forças armadas esticadas ao limite, a produção petrolífera iraquiana desceu, desceu, desceu.
 
Essa questao do financiamento e' muito interessante, porque a primeira guerra do golfo foi em parte facturada pela Arabia Saudita e pelo Kuwait. No final (e no durante) os EUA apresentaram contas das despesas, que os Sauditas prontamente pagaram. Neste sentido para alem de uma guerra imperialista, foi uma guerra mercenaria em que os servicos do exercito americano eram mera mercadoria.
 
Dolores,

Nem mais! Onde estavam?

A personalidade dum homem mede-se pelas suas acções quando é confrontado com perdas pessoais para defender valores altruístas. Não é quando, anos depois, resolve fazer dinheiro com biografias ou decide-se vingar de alguma coisa.

Mas nunca é tarde para denunciarmos o que se passa! E o que se passa está a atingir proporções desumanas. As torturas, por exemplo, continuam...

Gostei do texto! E já agora gosto do novo template!
 
Não só a Arábia Saudita e Koweit pagaram uma boa parte senão a totalidade da factura, como ainda compraram muito equipamento militar aos EUA.

Vi um documentário que fazia as contas, creio que mesmo só considerando a primeira parte e os EUA tiverem lucro!
 
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