02 fevereiro 2006
“Heterossexualidade e casamento”
Para alguns esta novela pode não parecer muito interessante ou estarem saturados do tratamento mediático da questão. Mas vale a pena tirar uns minutos para conhecer um pouco melhor o que vai nalgumas cabeças “bem-pensantes” e influentes de Portugal.
A polémica está lançada em Portugal por duas Meninas (casadas não são…) que vivem em duplo ou triplo pecado ao aparecerem na televisão a dizer que querem casar. Havendo uma tão fértil e surreal verborreia por deliciosos fazedores de opinião, a minha escolha recai no texto de uma fundamentalista religiosa.*
Alexandra Teté, da dinâmica Associação Mulheres em Acção, garante-nos que “o código civil não proibe o casamento dos homossexuais, mas sim o casamento entre pessoas do mesmo sexo”. Continua, referindo que o mesmo código “estabelece outras restrições: exclui o casamento poligâmico, exige uma determinada idade, proíbe o casamento entre pessoas com laços de consaguinidade de certo grau, etc.”, perguntando em seguida ”Serão também discriminações inconstitucionais, uma vez que contrariam algumas orientações sexuais?”. Continua apresentando três pontos magníficos.
1. Para a Sra (ou será Menina?) Alexandra “assistimos presentemente a uma campanha agressiva por parte do [diria eu famoso] lobby gay, com a cumplicidade superficial e sentimental dos meios de comunicação social: primeiro a indiscreta operação de marketing para promoção da love story entre os dois cowboys de Brokeback Mountain; depois a insensata e absurda resolução do Parlamento Europeu contra a homofobia, para converter em delito qualquer crítica relativa à homossexualidade. Agora o caso de ”Teresa e Lena”, reportado exuberantemente nas páginas do Público”.
Mesmo assim, condesce a Sra Alexandra, “As pessoas de orientação homossexual merecem o respeito que é devido a quaisquer outras. Têm igual dignidade e os mesmos deveres e direitos”. Mostrando também compaixão, nota que tratam-se “frequentemente de pessoas que sofrem, com a dilaceração e ansiedade de uma sexualidade problemática, e por isso credoras de maior compreensão e afecto. Por outro lado, ninguém proíbe uniões voluntárias entre adultos responsáveis (com os direitos económicos e protecção social que forem convenientes)”. No entanto, adverte com indignação, “coisa muito diferente (…) é violentar e desfigurar o estatuto legal do casamento para que abranja uniões entre pessoas do mesmo sexo.”
2. “A heterossexualidade é uma nota essencial do casamento, que se funda na conjugabilidade homem-mulher e na fecundidade potencial dessa união. O casamento é uma instituição reconhecida pela sociedade como fundamental por ser o lugar natural da geração, formação da personalidade e educação das crianças. É a fonte primária do capital social. É por serem socialmente valiosos que o Estado regula e protege o casamento e a família (heterossexual monogâmica): a função do direito é não é dar cobertura jurídica a todas as relações afectivas (sexuadas ou não) que possam dar-se, mas só àquelas que são socialmente relevantes. E só a relação homem-mulher está nos alicerces da sociedade. “Eu amo quem quiser!”, dizem. É verdade. Mas o Estado não tem nada a ver com isso.”
“De resto, qualquer pessoa pode casar, independentemente da sua orientação sexual. O Código Civil náo proibe o casamento dos homossexuais, mas sim o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Como disse Jospin, a este propósito, a “humanidade não se divide entre homossexuais e heterossexuais, mas entre homens e mulheres”. Aliás, a lei estabelece outras restrições (...)”.
3. “Tenho que confessar que considero a heterossexualidade algo maravilhoso: a polaridade masculino-feminina, a complementaridade psíquica e biológica na comunidade de vida, a criatividade interpessoal e a abertura à vida, que foram cantadas em todas as civilizações e registos, desde o Génesis à Arte deAmar. Pelo contrário, a homossexualidade parece-me (e estou bem acompanhada) uma contradição antropológica, moral e psicologicamente destrutiva. Mas respeito as opiniões opostas e não pretendo impor a ninguém as minhas convicções [Soa-vos familiar?].”
“Contudo, não devemos estar dispostos a aceitar que uma minoria de representatividade duvidosa (embora poderosa) – através da sua estratégia de vigilância, denúncia, censura, pressão e agora ameaça penal – imponha a toda a sociedade as suas convicções [Deus nos livre...], forçando uma concepção degradada de casamento que subverte o sentido dessa instituição.”
Em suma, há uma conspiração gay em andamento, que não olha a meios para chegar aos seus fins que minam os baluartes morais desta sociedade. Já não há respeito nem mesmo pelos vigorosos cowboys do Oeste. Dá-se uma atenção desproporcionada à homossexualidade e bons eram os tempos onde se varria para debaixo do tapete estas coisas e mantinham-se as aparências. Apesar de merecerem a nossa pena pela sua sexualidade problemática, não se deve permitir aos homossexuais violentar e desfigurar o casamento. Não é que os pecadores querem-nos impor a todos nós as suas “convicções”? Mais, não se deve permitir às inúteis e inférteis uniões homossexuais prejudicar a nação, privando-nos do capital social. E casar eles e elas podem. Pode ser é que não seja com quem eles amam...
Ao contrário de meninas pecaminosas como Teresa e Lena, é de mulheres da cepa de Alexandra Teté, virtuosas, (potenciais) parideiras e com valores que se faz uma nação. Olé!
* Artigo no Público de 1 de Fevereiro.
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E no reino unido duas fufas do exército casaram-se! Estas coisas revelam bem o cariz do nosso atraso cultural
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