19 fevereiro 2006

 

Estratégia de sequestro


Noticia a BBC que o governo israelita decidiu reter 50 milhões de dólares de créditos alfandegários devidos à Autoridade Palestiniana, e que “apertariam” controlo sobre pessoas e alimentos entrando na recém “libertada” Gaza. Os territórios palestinos são totalmente cercados por colonatos ou postos militares israelitas, não há comunicação entre a Palestina e os seus vizinhos árabes que não seja mediada por Israel. Corolário desta prisão, é que um dos principais rendimentos do imberbe estado Palestiniano, taxas alfandegarias são retidas em Israel e só são retribuídas por “bondade” sionista.

Começa assim o jogo do empurra. Um jogo de pequenas e grandes agressões que pretende testar a vontade do governo Hamas a acatar a ética de parceiro negocial nos termos impostos por Israel. Ehud Olmet, primeiro-ministro israelita, exigiu com estas medidas que o Hamas reconheça o estado de Israel. O pedido parece à primeira vista sensato e não se vê motivo para o recusar. Contudo, semelhante admissão do Hamas sem contrapartida negocial equivale a sancionar as presentes fronteiras e privilégios do estado sionista, e abandonar a fundamental e justa exigência de um regresso às fronteiras de 1967, ou pelo menos algo que se aproxime disso. Israel começou a negociar e fá-lo com chantagem, e fá-lo com imposição.

As vozes que vem do Hamas são para já contraditórias, há quem recuse qualquer negociação com Israel, mas há também quem desde cedo a procure. Qual destas posições dominará depende também da resposta da União Europeia. O gigante alemão, pela assertiva Angela Merkel e pró-choque das civilizações CDU, tem rejeitado o novo governo palestiniano. Se esse contexto permanecer inalterado, sendo-lhe negada a legitimidade que ganhou nas urnas, resta ao Hamas regressar à luta de rua e aos ataques suicidas.

Comments:
Pois, se calhar era melhor Israel (como o significado de preciativo de sionista diz muito) baixar as cacinhas e pedir de joelhos a um grupo terrorista que reconheça um estado aceite como tal pela maiorira dos estado democráticos de hoje.
 
Estado que esta' tb em violacao de uma pilha de compromissos definidos pelas Nacoes Unidas. Mas para uns nao ha castigo e tudo se perdoa...

Sionista nao devia ser 'a partida depreciativo, nao e a fundacao historica e ideologica do Estado de Israel? Se toma valencia negativa nao tem a ver com este escrito tem talvez a ver com o caminho politico que esse projecto veio tomar...
 
Danu Blau,

Se o estado e' um fragil esqueleto sera em parte pelo clientelismo em que havia caido a Fatah. O Estado fraco e' fruto da corrupcao e do compradorismo do qual (para ja!) o Hamas esta imune. A Fatah montara um estado palestiniano que era policia de Israel a fomentar guerra civil.

A grande oportunidade e' que o Hamas pode seguia outro rumo ao exigir ser parceiro (igual) nas negociacoes. Se e' que isso e' possivel, entre um povo empobrecido contra uma potencia nuclear... Talvez o contra peso seja a solidariedade internacional pela causa palestiniana.
 
Parece-me óbvio que o Hamas tem legitimidade democrática. Claro que não pode usar essa legitimidade do modo que lhes apetecer mas isso não retira o imperativo de respeitar as opções do povo da Palestina.

A evolução desta situação pode estar intimamente ligada aos resultados das eleições israelitas.

Abraço,
 
Danu blau,

Que versoes refrescantes sao essas? E' que me parece que aquela a que me associo nao e' de tao facil acesso, e tao dominante, quanto isso. Nao e' a que ouco vinda da BBC, da CNN, da FOX News ou do Publico.

O Hamas, ou parte deste, esta' disposto a negociar. E' atraves dessas negociacoes que o Hamas pode vir a reconhecer o estado de Israel, desde que Israel tb reconheca o estado palestiano. Sem justica, e igualdade nas negociacoes elas nao valem de nada.

Porque e' que o Hamas tem de reconhecer Israel, qaundo Israel ha meio seculo, ainda esta por reconhecer o Estado Palestiniano? Em violacao do direito internacional!
 
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