15 fevereiro 2006

 

Devagar, devagarinho…


A Juventude Socialista anunciou um anteprojecto lei que pretende legalizar o casamento civil. É já uma tradição do PS que em matérias de costumes sejam os juniores a dar a cara, um estilo que todos compreendemos, são temas de menor monta para o partido que governa. Estes projectos-leis antecipam semelhantes propostas pela esquerda parlamentar, e servem sobretudo de cobertura para desculpar o parlamentares do PS quando vetarem as iniciativas do PCP ou do BE. No final dos joguinhos, ficamos com a versão diluída de progressismo, esterilizada pelo compromisso.

Mas neste caso, temos um aspecto de interesse adicional. O anteprojecto da JS foi pré-apresentado como reconhecendo aos casais homossexuais o direito à adopção, ponto que foi agora retirado. A justificação para esta reviravolta é simples, o anúncio foi feito antes de contar apoiantes dentro do partido, e os graúdos não aceitam a medida.

Segundo o Presidente da JS é preciso vencer: “Não queremos fazer fogachos mediáticos. É preciso ter calma para obter resultados e vencer.” Currículos políticos fazem-se de vitórias. E o Presidente da JS e os seus assistentes não querem manchar a carreira com excessos de apaixonada convicção. Portanto segue-se com serena paciência, "Este texto é um ponto de partida para a discussão, vamos também organizar um semanário para os deputados do PS sobre este assunto. Temos consciência que qualquer alteração legal neste domínio só lá vai com o PS", afirmou Pedro Nuno Santos, frisando: "Só o PS pode decidir isto, Mais ninguém!" O Jovem Socialista não quer melindrar os seus colegas. Entretanto, a politica fica reclusa nos bastidores, alegadamente para deixar o PS debater. “Mantemos a discriminação em relação à adopção, é verdade, mas discriminação já existe hoje. Vamos lentamente. Vamos discutir e legalizar o casamento. Temos de fazer uma gestão política deste assunto.” Enquanto faz “gestão politica”, o Presidente da JS constrói alianças e solidariedades dentro do seu partido que lhe servem só a si, não lhe custa muito ser paciente.

Será que o palco do Parlamento só serve para encenar vitórias? Será assim tão temível o risco de perder esta votação? Forçar os deputados do PS a revelar o que pensam sobre o assunto? Será que a politica tem de ser este jogo de silêncios e orquestrada encenação?

Comments:
Faz-me lembrar os livros do Asterix. Nomeadamente quando César confrontava os seus correligionários sobre o problema da aldeia gaulesa...Logo um vinha com a ideia: Temos que fazer uma comissão para estudar o assunto. Ao que outro replicava: Isso, e depois fazemos sub-comissões para o aprofundar...
 
Alguém lhe (Presidente da JS) ofereça um burrito. Pelo menos vai sentado, as leis são aprovadas mais depressa e protege-se uma espécie em vias de extinção.
 
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