14 fevereiro 2006

 

A azia da Europa


Após a Segunda Guerra Mundial, e em resposta à escassa mão-de-obra disponível para levar a cabo a reabilitação da Alemanha, sucedeu nos anos 60 uma das maiores ondas de imigração da história desse país. Os denominados "gastarbeiter" (trabalhadores convidados) tinham origem em Portugal, Itália, Espanha, Grécia, Jugoslávia e especialmente da Turquia. Destinados para trabalhos de limpeza, contrução civil, na Indústria Automóvel, os "convidados" deixaram-se ficar.

Extraordinário ao ponto que o Capital chega, chamar centenas de milhares de pessoas por necessidade, e procurar a partir do momento em que não são necessários devolvê-los para países onde essas almas deixaram de ter laços. Tudo por falta desse tão precioso exército, os desempregados. Ainda outra curiosidade, o "gastarbeiter" 1,000,000 foi um português (em 1964). Recebeu uma Moped.

Claro que o não retorno deste exército mal desejado cria alguma azia. No fundo, apesar de neste momento salvarem uma Segurança Social sumptuosa que não lhes é garantida no final dos seus anos de trabalho, são fonte de mal estar para muita gente. E quando há falta de trabalho, quando as horas são aumentadas ou o salário reduzido, é o turco no comboio a explicação para os males da nação (curiosamente, mais do que os italianos ou os portugueses). São mais identificáveis, com os seus lenços, cor de pele, hábitos distintos. As razões para os males desaparecem, fica o desconforto dos convidados que ficaram. E o Capital rejubila. Afinal, sempre é melhor uma guerra cultural do que uma guerra de classes.

Comments:
Ha consenso entre aqueles que decidem pela gente (em S. Bento, em Bruxelas, em Davos, em Nova Iorque...) que o capital tem que ser liberdado das suas prisoes nacionais. Mas o mesmo homerico liberalismo nao se aplica aos trabalhadores. Esses tem que ser controlados por todos os meios.
 
Excelente analogia. Há muita hipocrisia por detrás da imigração. É como se fossem todos bem vindos se fizerem o que têm a fazer a baixo custo e que depois desapareçam sem deixar rasto. Nestes dias vai-se discutir de novo a Directiva Bolkenstein e presumo que o tema da imigração vai voltar à ordem do dia...
 
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