31 janeiro 2006

 

Vale da Pinta


No outro dia, um dos telejornais deu a conhecer Vale da Pinta. Se me pedirem para localizar esta terreola, não o sei fazer. Sei que fica algures em nenhures, tendo todos os problemas típicos destes locais remotos.

Mas a peça jornalística era mais específica. Enganem-se os que pensem que é mais um caso de fecho de escolas - o ministério da Educação decidiu encerrar a maior parte das escolas dos meios mais pequenos. Enganem-se os que pensavam que era sobre o encerramento das urgências à noite, ou mesmo do encerramento da Maternidade de Mirandela ou Bragança (quem saiba que me ajude!). Ou mesmo que se referisse à extorsão desenhada pelos CTT, encerrando os seus postos e atirando as responsabilidades e os encargos dos correios para juntas de freguesias e câmaras municipais.

Não, desta vez os custos de interioridade e da desertificação eram outros. As gentes de Vila da Pinta queriam algo muito mais simples. Reclamavam Da Santa Casa da Misericódia uma máquina para registar o Euromilhões nesta pequena terra. Actualmente, o senhor da papelaria/ café assenta as apostas e os nomes num caderninho, indo depois à cidade mais perto.

Afinal, todo o país tem o direito a desejar ser rico...

Comments:
E' dos poucos instrumentos de mobilidade social que nos restam!
 
Não falem do que não sabem. Vale da Pinta é uma freguesia a menos de 50 kms de Lisboa, qual desertificação qual interioridade! A auto-estrada para Lx passa a 2 kms da freguesia!
A junta de freguesia tem uma página na net, com localização e tudo.

O problema aqui é outro, e não é só desespero por ascenção social, reflexo da sua 'interioridade'. Nos sítios mesmo dramáticos (de desertificação ou interioridade) as câmaras de tv não aparecem e ninguém ouviu falar de euromilhões. Isto é mesmo a nossa paroquialidade e a falta grave de transportes públicos para se deslocarem ao Cartaxo, a uns 8 kms de distância (ou Pontével, ou Aveiras de Cima). E outros blogs já falaram do mesmo assunto, bem menos precipitados nas suas análises. Um problema grave naquela zona é a cobertura feita pelo SNsaúde: neste momento, os táxis estão proibidos de levar doentes aos centros de saúde mais próximos (Cartaxo) e as ambulâncias cobram por esse serviço - quando se tratam de idas rotineiras. É que nem toda a gente tem carro, topam?

Estudem antes de mandar bojardas.
Nongoloza
 
Lumumba,

Não era minha intenção insultar ninguém. Peço as minhas sinceras desculpas se foi essa a tua/vossa leitura. Só achei precipitada a leitura de Machel sobre a história do euromilhões. E reagi à Nongoloza.

O post a que me referi (no renas e veados) não fala em momento algum de interioridade ou desertificação. No caso de Vale da Pinta, essa leitura não tem sentido. Quando escrevi o comentário fi-lo na exacta medida em que me parece que o bitoque não deve replicar uma explicação imediatista para estes fenómenos - para isso já basta a TVI.

Quanto às distâncias, sei que para Pontével (ali ao lado) são 53 kms, bem contados (1/2 hora pela A1). É mesmo muito perto, Lumumba. Assustadoramente perto, a questão está toda aí.

Nongoloza
 
A interioridade não se faz apenas da distância, ainda bem que concordamos aí. Já não sei se o problema é só a concentração de meios nos grandes centros urbanos como dizes.
Senão, como explicas isto, gente a viver em grutas na serafina e alcântara? Nota bem, Lisboa até meados da década de 90...
(cache de notícia do público de 21 Nov 2004)
 
daviduskas:
qual era a segunda coisa, mesmo? E para quem mantém um blog (em inglês, que finório) intitulado back to enlightenment convenhamos que o teu contributo para este debate foi muito pouco iluminado. Não sei se te deste conta, mas o euromilhões foi só a superfície de outros temas que entretanto foram saltando na discussão. Vai reler o teu adorno e não fiques tão resignado com o teu país.
 
Parece que tratamos aqui de um caso classico de "anarquia da transportacao."
 
Esta tem de ir mais para o Nongoloza:

Peço desculpa, pela falta de cuidado na pesquisa, mas eu, em plena Lisboa, não tenho tanto acesso à internet quanto gostaria. Hás-de reparar que os meus mails vêm em grupo. Sou mais um semi-excluído da sociedade da informação. Mais, também não tenho carro e tenho bastante sensibilidade para as questões da mobilidade. Por isso é reforçada a importância dos serviços disponíveis localmente.

No entanto, e apesar das críticas mantenho, no essencial, a crónica.

Quanto a Vale de Pinta retiro a desertificação (eventualmente há-de-lhe chegar o "progresso" e ser engolida pela grande Lisboa), mas não retiro a interioridade. Podem ter a auto-estrada a 2 kms, mas não têm a puta de uma máquina de euromilhões. Como tu próprio reconheces e realçado pelo lumumba, interioridade não é apenas espacial. E vale de pinta é mesmo assutadoramente perto.

Caso também não tenhas reparado, eu falo claramente de outros problemas que considero bem mais graves a nível da saúde, educação e de comunicação, inclusivé em cidades grandes. Aqui, interioridade e desertificação fazem parte do mesmo ciclo vicioso.

Este é um dos grandes problemas em Portugal.

PS - as televisões têm muito defeitos. Mesmo assim, têm denunciado situações graves relativas a este tema que infelizmente são pouco pegados pela gente bem pensante e a maior parte dos partidos políticos deste país.
 
Depois, da piadinha, uma riposta mais consequente...

Nao sei em que termos estamos a discutir a questao, talvez vagamente como exclusao social? Se e' esse o caso entao o mapa economico e social e cortado por muitos factores, nao so a economia das distancias ("custos" de transportacao que levam a insularidade) mas para isso tb contam a indigencia mais classica (como ter que viver num buraco porque nao ha rendimento para ter uma habitacao condigna, ou um estado social para a subsidiar).

E ja' que estamos em temas de habitacao e urbanismo, levanta-se um tema importante. Nao sei se ainda se recordam como um pouco por toda a Lisboa os bairros de lata alojavam-se entre o bem estar das classes medias. Ora isso terminou com as camaras do Sampaio I, o condecorador. Foi bem feito? Foi bem feito que as barracas acabaram e que ha habitacao social. Mas foi tb bem feito a especulacao imobiliaria que veio na cauda destas transformacoes? Ou o transladar destas gentes para fora do centro da cidade?
 
Quanto ao segundo post do nongoloza:

Explica-se por diferentes razões. Apresento algumas:

- Vives numa sociedade capitalista e só se lembram da caridade de vez em quando.

- Temos características Macrocéfalas mais típicas do Terceiro mundo.

- De economias de escala já passámos para deseconomias de escala. A grande Lisboa e Porto são mastodontes incomportáveis que requerem grandes investimentos até para pequenos aumentos da qualidade de vida. Ao contrário da dinamização de cidades médias.

PS - Mas agradeço a chamada de atenção de nongoloza.
 
Sobre a transladação das pessoas indesejáveis das melhores áreas das cidades como refere o amílcar, não há nada como olhar para a nova lei das rendas.

Finalmente, o centro a quem tem dinheiro.
 
Em suma, a "dinamização" do mercado de arrendamento é pôr o mercado a funcionar. O triste é que a esquerda parlamentar apoia ou fica gaga nestas coisas.
 
Os anonimos (as) deviam ler melhor. Sois muito...tristes. Tenho pena, que nao saibam ler.
 
não gosto dessas referências aos gagos!
 
Para o baltazar:

Des-desculpa...
 
Para o baltazar:

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