06 janeiro 2006

 

A propaganda e a manipulação dos dados


É sabido que o imperialismo ocidental anda incomodado com a China. É sabido que o elevado ritmo de crescimento económico e a incapacidade de controlar os destinos políticos desse país estão a causar suores frios na oligarquia ocidental. Também temos visto uma campanha, sobretudo na Europa, para defesa dos empresários contra a "invasão chinesa", recorrendo sobretudo ao argumento do trabalho quase escravo, das longas jornas de trabalho, das baixas remunerações e da desvalorização da moeda controlada pelo estado chinês. Esquecem-se, convenientemente, que a Europa e os EUA fizeram o mesmo em determinados períodos da sua história, e que muitos historiadores económicos apontam esses factores como essenciais ao desenvolvimento capitalista. Mas a luta imperialista entre o ocidente e a China continua. Descobrimos hoje a conclusão do presidente do Earth Policy Institute, organização independente de investigação ambiental de Washington, preocupado com a sustentabilidade ambiental do modelo económico vigente. Descobrimos que ele concluiu que o modelo não se sustenta porque a China está já a consumir mais recursos naturais do que os EUA, e portanto, se assim continuar, o desenvolvimento da China "poderá ser fatal para o planeta". Os dados parecem claros: a China consome hoje 67 milhões de toneladas de carne contra os 39 milhões dos EUA, e 258 milhões de toneladas de aço contra os 104 milhões dos EUA. Parece grave, de facto. Mas se compararmos, utilizando os dados da CIA, a dimensão da população chinesa, de 1306 milhões de pessoas, e os 296 milhões de pessoas nos EUA, e fazendo umas contas rápidas e inocentes, descobrimos que o consumo de carne per capita na China é de 51,3 kg contra os 131,8 kg nos EUA, e o consumo de aço per capita é de 197,5 kg na China contra 351,4 kg nos EUA. Qual é a origem do problema, afinal?
O desenvolvimento sustentável é uma questão premente. O autor aproveita os dados para demonstrar a insustentabilidade do modelo, utilizando o caso da China, e tenta desenhar uma alternativa, obviamente dentro do capitalismo. Como se ele conseguisse dar a resposta.

Comments:
Era interessante saber mais sobre este Earth Policy Institute...
'A primeira impressao parece-me que a obcessao do EPI com a China e' um oportunismo politico dos cientistas - escolhem um inimigo publico dos EUA para personificar a luta ambiental e comprar apoios internos (nos EUA). Joga-se assim como o Mbeki nota, com os referenciais imperialistas, e respeita-se o chauvinismo nacional. O que nos mostra que o combate ambiental, global, nao pode ser ignorante do imperialismo e das suas regras economicas e culturais do mesmo.
 
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