10 janeiro 2006
Emancipação da América Latina
Um país com 55% de população indígena, 30% mestiça e apenas 15% brancos europeus, a Bolívia elegeu em Dezembro e pela primeira vez um presidente indígena, Evo Morales. O seu programa político é certamente radical e se se concretizar terá com certeza a oposição feroz dos EUA e EU. Morales promete legalizar as plantações de coca, a base de subsistência de dezenas de milhares de indígenas, contra o programa de erradicação da coca levado a cabo pelos EUA (como os índios cocaleros gritavam “Coca no es cocaina! Erradica Coca-Cola!”). A nacionalização das reservas de gás natural, também promete zangar o sector privado que hoje tira lucros brutais à custa da população mais pobre da América Latina. Se estas e outras medidas, como a reforma constitucional para dar mais direitos a maioritária população indígena, se tornarem realidade, é possível que venhamos a ter um novo quadro político e social na Bolívia. As semelhanças com Hugo Chavez na Venezuela são evidentes e levantam uma questão chave (atentamente monitorada pelos EUA) – será que a recente vaga de esquerda na América Latina vai continuar? Até Dezembro de 2006 mais dez países latino-americanos vão ter eleições presidenciais e para já os resultados na Bolívia e Venezuela são um sinal de que os mais de 500 anos de colonialização da América Latina podem estar a chegar ao fim.
Comments:
<< Home
Acho que ha mesmo motivos para optimismo. E' certo que tivemos a recente desilusao do PT, mas parece-me que este movimento bolivariano e totalmente distinto da pseudo-social democracia do Lula. E' um movimento de base indigena e indigente, nao e um movimento alimentado por elites intelectuais de origem europeia. E' um movimento com um cunho popular muito profundo e ainda em definicao ideologica o que desarma a burguesia que nao sabe como reagir e como o debater.
O problema é que só a Venezuela tem força/petróleo suficiente. Se esta cair, tudo o resto pode ir abaixo como um castelo de cartas.
É importante referir que há toda uma panóplia de uso da coca que não está relacionada com a cocaína. Do tradicional mascar a folha ou o chá, a uma mais recente bebida pelo menos produzida na Colômbia.
Se querem ilegalizar algo mais vale ilegalizar as fábricas de armas que essas só servem para matar. O problema deve ser que os maiores produtores são os países desenvolvidos...
É importante referir que há toda uma panóplia de uso da coca que não está relacionada com a cocaína. Do tradicional mascar a folha ou o chá, a uma mais recente bebida pelo menos produzida na Colômbia.
Se querem ilegalizar algo mais vale ilegalizar as fábricas de armas que essas só servem para matar. O problema deve ser que os maiores produtores são os países desenvolvidos...
A Bolivia tem bastante gas natural, o suficiente ao que parece para fornecer toda a America do Sul durante varias decadas. A diferenca com a Venezuela e que esta ja tem os sistemas de extracao e refinacao instalados, ja tem o capital, ao contrario da Bolivia que so agora comeca a ver infraestrutura. A Bolivia tem assim uma posicao negocial mais fraca para se bater com os EUA e o Brasil porque lhe faz falta investimento. Contudo, nada disto e' fatal, e nada disto obriga a uma politica neoliberal e subserviente ao Primeiro Mundo. Por muito que nos queiram fazer esquecer, ha alternativas as receitas de desenvolvimento do FMI e do Clube de Paris.
Alternativas há. A questão é se te deixam implementá-las.
Como tu dizes, a Bolívia ainda está na fase de instalação (parte da contestação referia-se a este processo), e portanto falta-lhe músculo. Sem dinheiro ou músculo estão perdidos.
Uma vez mais veja-se o caso português. Enquanto a extrema esquerda e parte do PCP estava envolvida na transformação do país, outros organizaram-se política e militarmente e exterminaram projectos de grande interesse.
A revolução ou transformações significativas não triunfam isoladas...
Enviar um comentário
Como tu dizes, a Bolívia ainda está na fase de instalação (parte da contestação referia-se a este processo), e portanto falta-lhe músculo. Sem dinheiro ou músculo estão perdidos.
Uma vez mais veja-se o caso português. Enquanto a extrema esquerda e parte do PCP estava envolvida na transformação do país, outros organizaram-se política e militarmente e exterminaram projectos de grande interesse.
A revolução ou transformações significativas não triunfam isoladas...
<< Home
|
|
|
|