06 dezembro 2005
Nem Cavaco nem Soares
Numa época que a esquerda tradicional nos vem uma vez mais vender a ideia do tudo ou nada, é necessário romper os falsos consensos. Pedro Goulart enviou o seguinte texto ao Bitoque sob o título de “Nem Cavaco nem Soares”. Espero que contribua para a introdução deste tema na blogosfera.
"Está aberta a caça ao voto para as presidenciais. Os dois candidatos mais badalados pelos media e acarinhados pela burguesia são, naturalmente, Mário Soares e Cavaco Silva. E o tempo dirá se alguma ou algumas outras candidaturas não se virão a traduzir, essencialmente, numa forma envergonhada de canalizar votos para um destes candidatos. Apesar de um e outro mais não serem que dois representantes do capital, com eventuais divergências (para além das ambições pessoais) sobre a melhor forma de dar continuidade à exploração das classes trabalhadoras.
Mesmo em termos do sistema dominante, Cavaco e Soares são dois dos principais responsáveis pela triste situação a que Portugal chegou. A incompetência e o esbanjamento dos recursos económicos e financeiros do país em obras não prioritrárias, inúteis ou de fachada, levadas a cabo por ambos os candidatos e respectivos partidos, estão hoje bem à vista de todos.
Em termos de luta de classes, é longa a lista das malfeitorias por eles cometidas contra as classes trabalhadoras e dos actos de submissão de Portugal aos centros imperialistas. A forte ofensiva anti-trabalhadores e a grande repressão das últimas décadas, assim como a permanente subserviência em relação às multinacionais, são a marca clara da governação PS e PSD (e do CDS), com Soares e Cavaco à cabeça na presidência e/ou na chefia dos sucessivos governos. Quem não sabe do conluio deles e dos seus partidos com a CIA e os EUA, da subordinação de Portugal ao bloco agressivo da NATO, dos sucessivos esbulhos das conquistas e direitos dos trabalhadores (em paralelo com o enriquecimento dos grandes capitalistas e dos altos funcionários das administrações das empresas e do aparelho de estado), da forte repressão exercida sobre os explorados, aqui incluídas as mortes de trabalhadores perpetradas pelas polícias, da prisão de militantes de esquerda, etc, etc! Ambos os candidatos já demonstraram sobejamente (por palavras e actos) serem determinados inimigos do poder democrático dos trabalhadores.
Nos próximos tempos vamos ser amplamente bombardeados por reformistas de cores várias sobre a necessidade de “todas as forças de esquerda” votarem em Soares para P.R. E, com a 2ª volta das presidenciais, surgirão com mais força as já estafadas teses catastrofistas, habitualmente usadas por certa gente de esquerda, visando amedrontar os votantes e assim melhor justificarem o voto em Mário Soares.
Os trabalhadores e os militantes de esquerda devem denunciar com firmeza o papel desempenhado por ambos os candidatos na cena política portuguesa (se a memória não for curta) e recusar publicamente dar cobertura à opção entre estes dois representantes do capital. Assim, estarão a contribuir para que trabalhadores e gente de esquerda não sejam, uma vez mais, arrastados para a enganadora e nefasta política do “mal menor”. Que é uma política coveira dos interesses de classe dos trabalhadores e dos objectivos perseguidos por quem defende a ruptura com a ordem económica, social e cultural vigente.
1-10-2005"
Comments:
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Nem Alegre...
Se o debate de ontem deu em alguma coisa, foi em concluir que as diferenças estão diluídas.
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Se o debate de ontem deu em alguma coisa, foi em concluir que as diferenças estão diluídas.
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