27 novembro 2005

 

Tolerância ou indiferença?


O Acidental num post recente demoniza Herbert Marcuse como o teórico da intolerância. Esta crítica faz parte do recente fascínio de Henrique Raposo por um silogismo fácil e falacioso, que se lê em mais ou menos isto:
Intolerante é quem reprime a liberdade do outro;
Sendo que a esquerda pretende reprimir a direita xenófoba,
Resulta que a esquerda é intolerante…


O arsenal conceptual dos liberais com estes absolutismos ideais sobre a “liberdade” só nos conduz a divertidos (para alguns) paradoxos e jogos de palavras. Antes abandonar estas utopias conceptuais e regressar à realidade histórica, onde a intolerância tem nomes mais próprios, como racismo, machismo ou homofobismo. O que fazer perante estas violações grosseiras da liberdade, senhores acidentais? Quando nos anos 50 no Alabama negros eram linchados à vista dAe todos, Marcuse declarou guerra aos intolerantes, para que os negros e os indigentes não fossem excluídos sociais. Seria mais tolerante ter fechado os olhos ao programa de genocídio do KKK? É portanto mais tolerante e mais justa a indiferença?

Para repor esta conversa em termos conceptuais, para único benefício do Exmo. Henrique Raposo, proponho outro silogismo:
O intolerante institui uma ordem social de repressão.
Aquele que tolera o intolerante permite que a repressão continue.
Logo, aquele que tolera o intolerante é intolerante por cumplicidade.



   

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