22 novembro 2005

 

Paris, ódio e poesia


As sociedades capitalistas contemporâneas nutrem da ilusão simplória de que o único conhecimento que merece o galardão de verdade é o científico. Nos laboratórios das ciências naturais e sociais a imaginação foi proscrita. Só é aceite como facto o que pode ser filtrado de marca humana e feito acético pelas técnicas experimentais e estatísticas. Mas apesar das suas conquistas este é um saber que tem pouco para nos oferecer enquanto for disciplinado pela irrelevância.

A arte com a imaginação, que não teme ser política e comprometida, tem verdades que as ciências parecem incapazes de aproximar. É admirável que um filme com 10 anos, feito no calor da juventude de um cineasta, seja hoje o melhor documento sobre os eventos em França. La Haine era em 1995 uma parábola do combate urbano que a sociedade francesa só relutantemente reconhecia. Hoje, o mesmo filme vê-se como um testemunho realista do combate social europeu. A história revelou a parábola como documentário.

Qual é o segredo deste saber? Kassovitz construiu a narrativa de um dos lados do golfo racial e de classe, e com isso rejeitou a rotineira neutralidade do cientista social. É a coragem de relatar o mundo sem se engasgar em performances de objectividade. O conflito social não se deixa descrever numa entrevista de jornal ou num estudo sociológico, é preciso militância e comprometimento para o conhecer.

Comments:
Nao sao as medias que incomodam, mas o que se faz com as medias. Quando as medias se tornam um veu para nos escondermos da politica e da opiniao certos aspectos da realidade escapam-nos.

O problema sao os preconceitos. Se alguem fala em usar a "imaginacao" a associacao e logo em dizer "este gajo e um poeta". Mas ninguem se queixa dos filosofos quando usam "thought experiments", ou seja quando criam mundos ficticios para experimentar certas ideas.

Tudo o que quero dizer e que ha sabedoria na arte. E as vezes e um conhecer bem mais genuino que o pretenso cientifico. Nao sao so os cientistas que pensam e sabem.
 
Ignorância elementar sobre o capitalismo que diz precisamente o contrário, é muito mais importante o conhecimento tácito que o articulado.

Mas isto é apenas um blog de propaganda, não é? Não se procura fazer alguma luz sobre o que quer que seja.
 
Nao sabia que o capitalismo tinha voz e que nos "diz". Eu por acaso ate ouco muitas vozes no capitalismo.

Algumas delas ate preferem negar a existencia do conhecimento tacito, conhecimento feito da experiencia ou para quem prefere do "learning by doing". Da-se preferencia pelo especialista que tem na mao graus academicos em canudos.

Nao e assim na nossa praca publica onde se prestam honras aos "professores" e aos "doutores"? Ja ao anonimo que traz esta sociedade por debaixo da pele, esse nao tem direito a ser ouvido.

Nao e assim nas empresas quando se despedem gente que trabalhou por mais de 30 anos e que conhece esse trabalho como ninguem?
 
http://capazes.blogspot.com/2005_11_01_capazes_archive.html
 
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