15 julho 2005
Unidade de quê?
A “vigiliar” os atentados de 7 de Julho a palavra que mais se ouve é “unidade”. A palavra ecoa sem objecto definido: “unidade” dos londrinos, “unidade” dos europeus… É certamente “unidade” entre os parlamentares que elogiosamente agradecem a calma do primeiro-ministro face à tragédia. Mas que outros objectos tem? E que para que serve?
A “unidade” parece dar aos britânicos algo para sentir, e para fazer. Ouve-se que o objectivo dos terroristas era dividir a população britânica. Ouve-se que para os combater é preciso preservar “unidade”. A “unidade” torna-se resposta para tantas perguntas.
Mas o mais importante efeito desta psicologia é que a “unidade” impede que novas interrogações, daquelas que fogem ao controlo dos políticos e da sua corte. Para manter a “unidade” não se questionam as explicações de Blair ou Livingstone. Impõe-se um silêncio sobre a responsabilidade do estado Britânico na revolta das comunidades islâmicas. Faz-se da guerra do Iraque o mais perigoso tabu do discurso político.
Debater, discordar, opor o governo deixa de ser um direito de cidadania, passa a ser um acto sedicioso, alegadamente em apoio dos terroristas. Estas democracias que nos exortam a defender das forças do mal, não são assim tão livres.
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