26 julho 2005
Medo e terror
Os recentes atentados de Londres vêm mais uma vez demonstrar o óbvio. Num país que, devido à pesada herança do IRA têm uma vasta experiência de segurança, métodos anti-terroristas, polícias secretas, etc., existe tanta capacidade para evitar um ataque terrorista como para estabilizar o Iraque, ou seja, nenhuma. Claro, arremessa-se logo o argumento de que já terão conseguido evitar muitos, estes simplesmente escaparam, mas o que está mais do que provado, quer pela própria história do IRA, quer pela actual cruzada anti- Al-Qaeda, ou pelo securitarismo ridículo da polícia estado-unidense, armados até aos dentes, é que é impossível a segurança perfeita. Não é possível controlar toda a gente, não é possível ter um polícia em cada esquina, não é possível evitar atentados se alguém estiver realmente determinado a fazê-los. A questão principal é: todos sabem isso. Os Bush, Blair, e todos os que são responsáveis por esta febre securitária que se tenta legitimar no medo das pessoas, sabem que não é possível evitar todos os atentados. Eles sabem que o terrorismo só pode ser eliminado se os conflitos que estão na sua origem forem resolvidos, se os terroristas perderem os argumentos para conseguir o apoio das populações, daí recrutando novos terroristas. Mas sabem também que resolver esses problemas vai contra as ambições imperialistas, e que contradiz a brutal acumulação de riqueza e exploração geradas pelo capitalismo. Por isso, aproveitam este medo popular e o perigo terrorista para atentarem cada vez mais contra os direitos dos povos e dos cidadãos, para eliminar os pequenos vetígios de democracia ainda existentes, conseguindo com isso manter este sistema caduco por mais tempo. É um mundo orwelliano, o que se está a desenhar.
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