09 março 2005

 

Conversões


Políticos têm campanhas, mercenários também.
Políticos degladiam-se entre si, mercenários também.
Mercenários trocam lealdades, políticos também.
Mercenários lutam para quem lhes mais paga, políticos também.

Só os intelectuais de corte, vislumbraram por detrás da cimeira das Lajes, uma ponderada análise de Durão Barroso sobre a geopolítica do terrorismo. Para todos os outros a cimeira era a costumeira farsa do mercenarismo, desabafando entre dentes “é que estes pagam mais…” O monocórdico discurso ianque reproduzido verbatim, o cansaço e a nula convicção com que Durão se justificou, corroboravam a consciência de que tudo isto “é triste, tudo isto é fado”. A participação do Estado Português, sequestrado à vontade popular, na coalition of the willing não foi mais que habitual seguidismo à estratégia britânica e espanhola, os verdadeiros senhores do nosso capitalismo e da nossa burguesia comprador.

Quando graceado pela direita europeia (e parolismo português) com o lugar de presidente da comissão europeia, Barroso num golfo redefiniu-se. A redescoberta da missão europeia, da importância da ordem internacional consagrada na declaração das Nações Unidas, blá, blá, blá, foram somente reflexo de um novo patrão. E no seu estilo habitual, ausente, e monótono Durão trocou de trincheira. Assim se contrói currículo, o sucesso é proporcional a maleabilidade, até mesmo a imbecilidade da marioneta. Durão Barroso é uma tábua rasa.

É assombrado pela realidade do político mercenário que assisto à nomeação de Freitas para ministro dos “Negócios” Estrangeiros. Muito se tem notado a sua oposição a aventura imperial Americana na Babilónia. Mas a conversão do direitista a oponente do imperialismo americano é só compreensível pela sua (breve) Presidência da Assembleia das Nações Unidas. Freitas substituiu o habitual seguidismo nacional por outro seguidismo, afinal aquele que lhe escreveu o nome num pé-de-página da História. Com o palco a mudar, e enquanto ministro para os negócios nacionais no estrangeiro só posso antever um Freitas mais comedido nos criticismos aos EUA, senão mesmo o total eclipse da crítica.

Se os políticos são tábuas rasas, parece óbvio que não é o povo português que lhes inscreve um enredo.



   

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