19 fevereiro 2005
Pose de Estado
Diz-se que Paulo Portas tem pose de Estado.
Mas o que é isso de “Pose de Estado”?
Ter pose, é como quem posa para uma foto, é fabricar uma imagem falsa. A sua lógica é terminar com o fluxo do tempo real e encerrá-lo num gelado jogo de pantomina. Posar um corpo de revista, de desejo. Posar um sorriso de romance, de mistério.
Pose de Estado é também fabricar uma imagem. Pose de Estado é estudado jogo de pantomina, mas o seu ideal nao é o objecto de desejo, nao é o eternizar do momento. Este ideal é a incarnação do Estado, e do abstracto poder.
Se houvesse coroa, Portas teria coroa, e manto, e ceptro. A República não pede tanto, pede só o tom da arrogância e da injustificada certeza. A República, simbolicamente nua, pede só que Portas empine o nariz, e fale de cima. Portas fala como se não fosse candidato mas como a constante incarnação do Estado.
É pose de pouca dura, dia 21, Portas acorda desincarnado.
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