24 fevereiro 2005

 

Formalismos partidários


Anda hoje pelas notícias a referência à reunião da Comissão Política do PS, onde Sócrates foi confirmado pelo partido como o escolhido para formar governo depois dos resultados de Domingo. Formalidade, entoam, de uma maneira mais ou menos vincada, os jornalistas. Esta interpretação leviana do que representa a reunião de ontem do PS acaba por ser um sinal da degenerescência desta coisa a que convencionámos chamar democracia.

A escolha pelo partido do membro que vai formar o governo é, de facto, hoje em dia, uma formalidade, mesmo dentro do PS que tem esta obrigação nos seus estatutos. Mas donde vem esta ideia idiota de fazer uma reunião numa noite, arrastando uma série de senhores importantes para fora do seu cadeirão junto à lareira? Tempos houve em que um acto eleitoral era mais do que uma corrida de caras e de simpatias, ou pelo menos, em que a coisa não era assim entendida. Votava-se num partido, num programa, numa linha política, e não na fotogenia ou nos dotes demagógicos do líder partidário. Portanto, quem ganhava as eleições eram realmente os partidos, não as personagens. Daí a necessidade do partido definir quem será o encarregado de formar governo.

Mas como as coisas não são assim, como a fulanização da vida política dá mais votos, mais audiências e maiores tiragens, entende-se que esse acto seja hoje encarado como apenas uma formalidade. Mas acaba por representar apenas mais um sinal de degenerescência desta coisa a que convencionámos chamar democracia.




   

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