06 abril 2007

 

Será?


(Afirmo a pose de céptico, que convêm mais à irrigação dos membros inferiores do que à postura da coluna, estou de patas na mesa.)

Hoje saiu mais um estudo sobre o aquecimento global, com os anexos habituais de suspeita ingerência politica. Já toda a gente espera que um qualquer diplomata ou interesse económico passe a caneta vermelha os excertos mais afirmativos destes relatórios. Por exemplo, de “very confident” passou-se para “quite confident.” O drama, a tragedia, o horror, como já dizia o outro num escapar de frase ingénuo que revela a essência do jornalismo. Para ser noticia tem que haver marosca, perigo iminente, apocalipse. E por esse enviesar de escrita, será que estamos a descontar o espectáculo do que sabemos sobre aquecimento global? Será que tudo o que os “especialistas” prognosticam vai mesmo se dar?

Ninguém pode negar que o industrialismo capitalista, e algum do socialista, envenena a terra, o ar, a água. Mas esse é só o prefácio da história, fica por preencher como se entende a origem da crise e como se a resolve. Se a crise são as emissões de carbono então a solução é substituir uma lâmpada por outra, um combustível por outro, criar quotas para limitar o desenvolvimento dos países periféricos. Mas se a crise for o modelo agrícola que devora recursos, e o sistema industrial que regurgita mais lixo do que produz, então a solução será outra, bem mais perigosa tanto para os políticos como para os cientistas.

Não aceito ser vítima duas vezes: vítima do clima desregulado, e vítima da acusação que sou responsável por este estado do mundo, proferida por quem é dono do mundo.

Comments:
Os EUA com 5% da populacao mundial, enviam 25% do (creio) CO2 para a atmosfera.

Mesmo para globalizar o consumo do pobre Portugal seriam precisos mais de 3 terras.

Pedras contra canhoes que tens a acrescentar?
 
está bem colocado.
de facto, a tendência do sistema é para mercantilizar a poluição atmosférica responsabilizando o consumidor cidadão, demitindo-se da irrevogável culpa no cartório da destruição dos sistemas naturais.

sobre a profetização apocalíptica, sobre os pros e os contras do alarmismo, sobre os efeitos que tem surtido a política (sim política, não ciência) do IPCC, deixo para uma discussão mais serena e oral, que não é discussão fácil e não quero ser novamente acusado de parceiro dos EUA por não acreditar na porra do aquecimento global como o IPCC o pinta.

abraço
 
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