03 abril 2007

 

O corno de África


A Cruz Vermelha diz que se assiste ao pior conflito dos últimos 15 anos na Somália. As Nações Unidas alertam que já são mais de 96 mil refugiados, 50 mil só nos últimos dez dias. Tropas etíopes, apoiadas pelos americanos, continuam a ocupar Mogadishu e a bombardear o país. Mas esta história a gente já viu. Quem sabe se não conhecemos até o fim?

São constantes e muitas vezes desastrosas as intervenções estrangeiras na Somália. Jimmy Carter, o “presidente dos direitos humanos”, apoiou um regime repressivo em troca do controlo de portos e bases militares estrategicamente localizados na rota do petróleo no Mar Vermelho e Golfo Pérsico. A seguir veio Reagan que enterrou mais de 700 milhões de dólares no exército da Somália criando uma nação de refugiados (mais de 40% da população somali ficou exilada ou deslocada). Finalmente veio a “operação restaurar a esperança” de Clinton, na qual os EUA e a ONU atacaram, entre outros alvos civis, um hospital com mais de 500 doentes. Belgas, canadianos, franceses, paquistaneses, nigerianos e tunisinos, foram todos acusados de violações, raptos, vandalismo e outros horrores. A história fecha-se quando um Black Hawk é abatido, 18 rangers americanos são mortos e os corpos arrastados pelas ruas da cidade. A revolta dos Somalis apareceu em todas as televisões e até no cinema, mas ficou por mostrar a reacção americana, de uma violência que matou centenas de somalis.

Agora, em nome da “aliança contra o terrorismo”, os governos americano e etíope voltam a oprimir a Somália. Mas o anti-americanismo dos somalis também re-emerge. Na mente de todos está outro Black Hawk Down.



   

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