31 outubro 2006

 

O tal de Relatório Stern


Veio a público esta semana mais um relatório a reclamar a urgência de uma política mundial contra o aquecimento global. O original neste relatório é o de ser o primeiro redigido por um economista, por oposição aos que têem surgido nas últimas décadas, criados por comissões científicas. E portanto, o primeiro a colocar em gíria política os custos da falta de uma política ambiental, ou seja, em gíria económica.

Obviamente, há quem não se convença, e continue a apontar dúvidas nas "alarmistas" previsões. Refugiam-se no debate científico, a origem antropogénica do aquecimento global não é ponto assente na Ciência, portanto vamos lá a acalmar-nos. Mas obviamente que sim, não há razões para agir enquanto os dados científicos não se esclarecerem.

Dou um exemplo. O primeiro estudo estatístico a descrever uma correlação entre fumar e incidência de cancro foi publicado em 1929. Naturalmente tratava-se de uma afirmação algo duvidosa. Nada como esperar para reunir um maior acordo. Em 1964 contavam-se em mais de 7000 os artigos científicos que apontavam para uma correlação. Mas o que são 7000 artigos meus amigos, quando ainda surgem dúvidas? Nada como esperar até finais dos anos 90 para incluir avisos nos produtos. A isto chamo uma acção cuidada e racional.

Que se faça o mesmo com o nosso planeta. Fumemo-lo até à morte, e depois façamo-nos de desentendidos...

Comments:
não acredito minimamente na relação entre a emissão de gases com efeito estufa por via da actividade antropogénica e as alterações climáticas. acredito na deplecção do petróleo, no pico petrolífero, acredito na degradação da qualidade de vida com a densidade de gases poluentes na atmosfera terrestre, acredito nos efeitos da poluição junto da biodiversidade e da saúde humana, nomeadamente a cardio-vascular e respiratória. e, só por isso, é já hoje importante agir. acredito que o chamado "aquecimento global" é um dos embustes do ano. Acredito porque o estudo do clima cabe essencialmente aos climatologistas, geólogos e geógrafos e eles não apadrinham os estudos do IPCC (órgão político e não científico como muitos julgam). acredito que este embuste terminará com o ressurgimento da questão nuclear porque é para isso que está a ser promovido.
Acredito em estudos científicos, mas também acredito nos outros que os revogam, porque é tão válido revogar uma hipóteses como verificá-la.

O que não pode servir de pretexto para a minimização e mitigação dos impactos negativos da acção antropogénica é a mentira. Importa rumar a uma política diferente de relação com a Natureza, uma política que considere os recursos naturais como um património da humanidade e não como a matéria-prima para o lucro sem limites. Importa rumar à transformação da indústria tradicional em indústrias menos poluentes (não gosto do termo "limpas" porque o não são de facto). Importa canalizar fundos e vontades políticas para a investigação de energias alternativas e renováveis no sector público ao invés de já reservar à partida este sector ao investimento e exploração privados. Importa investir na fusão nuclear, ao invés de melhorar os reactores de fissão. importa acabar com as perdas energéticas por insuficiências das redes antiquadas e abandonadas. Importa garantir a permanência das populações nos centros urbanos ao invés de as obrigar a movimentos pendulares de horas e horas e emissões poluentes às carradas, com os custos ambientais e económicos inerentes.

Tudo isto importa, não para satisfazer uma estratégia global baseada num embuste científico, mas antes para garantir a qualidade de vida, o direito ao usufruto de uma Natureza saudável e o direito à Saúde das populações.

Tudo isto importa, não para satisfazer o novo mercado das cotas e das licenças de emissão de carbono-equivalente, mas para garantir a viabilidade da humanidade.

De facto, a subida do nível do mar é algo natural na história do planeta, chamada "transgressão", e é um processo lento, capaz de levar séculos ou milénios. Nada prova que os aumentos das temperaturas actuais sejam diferentes dos verificados em anos equivalentes no quadro da excentricidade da nossa órbita.

Fazer crer que os problemas energéticos e de ambiente com que se cruza a humanidade serão resolvidos num mercado de cotas (protocolo de quioto) ou na alteração da fonte energética principal dos hidrocarbonetos para o urânio é retirar a tónica da poluição atmosférica e colocá-la no carbono-equivalente em si.

Agir, sim. Mas...
"só a verdade é revolucionária" e, sem dúvida, independentemente da minha visão ou da contrária, urge apurar. Não é científico assumir o aquecimento global antropogénico como dogma irrevogável.
 
já agora:
sobre o simpósio de estocolmo, onde se confrontaram ambas as visões. "warmers" em discussão com "cépticos" - muitas das comunicações aqui feitas são deveras interessantes.


http://gamma.physchem.kth.se/~climate/
 
aplica-se o princípio da precaução. não é preciso haver certezas absolutas para se agir.

mas não concordo com o pedras contra canhões. a verdade é que a escala temporal a que se dão as alterações climáticas nunca foram observadas antes. há até aqui um paralelo interessante com a taxa de extinção das espécies animais e vegetais: é verdade que já houve grandes extinções, mas sempre em períodos de tempo MUITO mais alargados.
 
Os tipos que nos EUA lancam a duvida quanto ao aquecimento global, sao os mesmos (literalmente os mesmos personagens -- George Marshall Inst., Cato Inst. e American Enterprise Inst.) que disseram que o tabaco nao estava associado ao cancro, os CFCs nao aumentavam o buraco do ozono e que as emissoes de gases industrais nao produziam chuvas acidas. Estes senhores vivem disto, "Our product is doubt", como diziam os das tabaqueiras. A ideologia e' a mesma: o estado nao pode legislar sobre a actividade privada.
 
curioso, como voces têm o discurso do IPCC bem encaixado. os estudos dos cepticos são, no entanto, para mim e considerando a minha ignorância da matéria, remetendo as minhas dúvidas para o plano da mera intuição de geólogo, bem mais credíveis. e eu já os li quase todos...

sobre as extinções em massa. 3 pontos:

1. as extinções em massa sempre ocorreram e são parte da dinâmica natural, aliás, mecanismo determinante na evolução das espécies, como bem refere a feminine. No entanto aceleram o ritmo de acontecimento...

3. aceleram? sabemos bem que as únicas espécies que entram no registo fóssil de forma significativa e passível de classificação são as que existiram durante muitos anos (na maior parte dos casos, milhões), logo, todas as espécies que tenha tido uma existência limitada a períodos de tempo reduzidos são dificilmente hoje constatadas. Assim, não poderemos saber que quantidade de extinções se verificaram no passado ao certo (o milho, por exemplo, recente espécie botânica, a extinguir-se hoje, mesmo com a sua tremenda abundância à escala global, não ficaria com grande probablidade para a posteridade no registo fóssil.)

3. O que correlaciona as extinções em massa com alterações climáticas? a caça? a exploração de recursos naturais? a destruição de habitats? a pressão antropogénica? o tráfico de animais ou plantas? a poluição atmosférica? a poluição hidrológica? a poluição marinha?tudo isso pode ser apontado como causa muito mais provável para as extinções que se adivinham. não há nenhum estudo capaz de provar que existem hoje efeitos de um "aquecimento global" na biodiversidade. todas as extrapolações nesta área são ainda simulações.

simulações que me levam ao próximo ponto: a simulação é como uma regra de três complexa mais complexa. partindo das regras que o programador define, um determinado software calcula, num quadro probabilistico e estatistico, os desenvolvimentos. se eu disser a um computador: a temperatura varia na razão directa da concentração atmosférica de anidrido carbónico-equivalente, claro que ele estimará aumentos de uma na razão da outra. no entanto, não existem provas de que a concentração de CO2 atmosférico influencie a temperatura ou se pelo contrário, a temperatura influencia a produção de CO2-equivalente do planeta (biosfera, essencialmente).

Sobre o principio da precaução, não podia estar mais de acordo. é iumportante agir já antes que se prove que eu estou errado. não só pela questão das alterações climáticas, mas por todos os outros problemas que são satélites da poluição atmosférica.

Sobre a escala de tempo: a paleoclimatologia estuda intervalos de tempo de centenas de milhões de anos... e seria muito superficial inferir alterações climáticas sem o fazer... num plante com 4 mil milhoes de anos... julgar que os ultimos 30 podem significar alguma coisa, seria, no mínimo, sobranceiro.

façam uma procura no google por "hockey stick" - fundamento basilar da teoria do aquecimento global.

depois procuram - Medieval Warm Period

e depois ainda - Little Ice Age...

juntem os dados e tirem as vossas próprias conclusões.
 
sobre o que diz a dolores...
a prova de que não falamos do mesmo é que os Estados já legislam, e muito, em torno de quioto. está criado o mercado internacional de cotas...

ver "Fundo Português do Carbono"...
 
Não me tendo informado em profundidade sobre a parte científica do tema (a qual parece em parte algo simplista), acho difícil que a acção humana não tenha influência na intensificação de determinadas tendências. Interessante saber os associados à reasonable doubt criminosa.

Já quanto ao princípio da precaução (mais que não seja porque há inúmeras outras consequências como já foi referido) parece que estamos todos de acordo.

Soluções:
Na minha opinião Quioto pouco ou nada vai resolver e é patético ver a reacção de algumas organizações. Tive a "oportunidade" de assistir a um debate do BE (organizado pelo núcleo ambiental) sobre várias questões entre outras esta. Convidaram o Viriato Soromenho Marques que foi lá dizer muito bem de Quioto e dos mecanismos de mercado e não houve a preocupação de pôr uma outra pessoa para contrabalançar no painel ou uma intervenção da audiência. "Esquerda Nova"?

Os outros que não fiquem a rir...
 
Viva o Maxwell Smart e a agente 99
 
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